Diante da inércia da Prefeitura Municipal de Araioses (MA), que há mais de 7 meses não faz a coleta de resíduos sólidos (lixo) em nenhuma das 5 comunidades da Ilha das Canárias, lozalizada na Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável: RESEX Marinha do Delta do Parnaíba, os moradores se organizaram em defesa da ilha e da biodiversidade local, em uma ação de respeito à Mãe Terra e de repúdio à negligência em relação à coleta de lixo na ilha.
Ao longo da semana, moradores das comunidades Canárias, Passarinho, Caiçara, Morro do Meio, Torto e Imburana estão organizando mutirões comunitários para recolher parte do lixo e hoje (14/07), nas primeiras horas do dia, transportaram de barco todos os resíduos recolhidos durante as ações até a sede do município. Três barcos foram utilizados para o transporte de dezenas de sacos de lixo.
“A ideia é fazer a limpeza de alguns pontos estratégicos da ilha, além de fazer o recolhimento de uma parte considerável dos resíduos (lixo) e destiná-los à Araioses. É importante ressaltar que esta ação está acontecendo nas outras comunidades também, sendo que tal ação não é, de forma alguma, um movimento político, mas uma ação totalmente comunitária”, afirma a nota produzida pelas comunidades e enviada ao Ocorre Diário.
O problema se arrasta desde o início deste ano, quando a nova gestão assumiu a Prefeitura da Cidade. Apesar disso, de acordo com Luciano Galeno, representante do Conselho Pastoral dos Pescadores-CPP, desde a gestão anterior as comunidades já enfrentam problemas com relação à coleta de lixo.
No último sábado (10/07), houve uma reunião na Comunidade do Torno, com participação da Prefeita da cidade, Luciana Trinta, onde as comunidades novamente entregaram um ofício solicitando a retirada do lixo. Em resposta, a prefeita alegou que a gestão está enfrentando algumas dificuldades para a contração de uma empresa para realizar o serviço de coleta.
“O problema é que essa dificuldade se arrasta há 7 meses. Por isso, as cinco comunidades estão neste momento descolado barcos cheios de lixo para a sede da cidade, sabendo que a gestão não vai recolher esse lixo. Parte desse lixo é deixado pelos turistas e as comunidades, em descontentamento, realizaram essa ação para mostrar que é preciso com urgência resolver essa situação”, afirma Luciano.
Em maio, mostramos esse caso aqui no ocorre Diário, por meio de uma denúncia da Associação Mãe da Resex e do Conselho Pastoral dos Pescadores-CPP. Na época, o caso já havia sido comunicado ao ICMBio – Instituto Chico Mendes, responsável pela preservação da área. O órgão realizou visitas técnicas na Resex e formalizou denúncia ao Ministério Público Federal – MPF.
A RESEX Marinha do Delta do Parnaíba
A Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba é uma unidade de conservação federal do Brasil categorizada como reserva extrativista e criada por Decreto Presidencial em 16 de novembro de 2000 numa área de 27.021 hectares no estado do Maranhão e Piauí. O relevo da reserva é formado por ilhas, ilhotas, mangues, praias e dunas com até 40 metros de altura. São formados canais em meio a 72 ilhas.
(Fotos por: ICMBio)
Fica localizada entre os municípios de Araioses (MA) e Ilha Grande (PI). Abrange algumas ilhas do Delta do Parnaíba, com destaque para a ilha das Canárias, a segunda maior do delta, com povoados (Canárias, Passarinho, Caiçara, Torto e Morro do Meio) e aproximadamente 3.000 habitantes. A maioria dos moradores se dedica à pesca, à cata do caranguejo-uçá, do guaiamu e dos moluscos (como o sururu), e à agricultura em pequena escala.
A RESEX Marinha do Delta está sobreposta a outra unidade de conservação de uso sustentável, a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, que abrange os estados do Maranhão, Piauí e Ceará.
Reportagem: Luan Matheus Santana em colaboração com o Conselho Pastoral dos Pescadores-CPP.
Fotos: Associação Mãe da Resex, Conselho Pastoral dos Pescadores-CPP
Comments (1)
Antônia Naianesays:
14 de julho de 2021 at 10:11 AMÉ muito importante a retirada desse resíduo sólido de nossa ilha,pois esse que foi hj a Araioses não é nem o terço do que aqui ainda tem, é muito preocupante e lamentável