
Com apresentações em palcos da Alemanha, França, Portugal, Uruguai, Suíça, Bélgica e Holanda, a artista parnaíbana Fernanda Silva retorna à Teresina e, ao lado de Marcelo Evelin, propõem FEMINA, um conjunto de produções de artes vivas, que entrelaça história, memória e corpo. O evento acontece entre os dias 21 e 24 de fevereiro, no Campo Arte Contemporânea, com uma programação que envolve produções audiovisuais, espetáculos solo, entrevistas performáticas e a estreia nacional de UMA DANÇA PARA VALESKA GERT, o trabalho mais recente de Fernanda Silva.
Iniciando na próxima sexta-feira (21), sempre às 20h, no Campo Arte (R. Agnelo Pereira da Silva, 3497 – São João), cada dia contará com uma produção audiovisual e um espetáculo solo da artista parnaibana, seguido por uma entrevista performática conduzida por Marcelo Evelin, abordando temas relacionados a processo e criação, dramaturgia e performatividade, referência e conceito.
FEMINA não é um movimento de olhar para trás (em retrospectiva), e sim o movimento de olhar para dentro (em introspecção). É um mergulho arqueológico na obra de uma artista com intervenção crítica de um outro artista, no sentido de gerar um diálogo a partir de uma visão pessoal sobre arte performática contemporânea. Mais do que projeções, conversas ou mostra de performances, FEMINA é um acontecimento que vai se dar numa condição de troca e partilha, um ato de presença, uma convocação à escuta, um espaço para corpos que não pedem licença para existir. Para Fernanda Silva, o corpo é a última e mais legítima das fronteiras — um espaço de prazer, resistência e criação.




ARTISTAS: CORPO QUE ARDE, PALAVRA QUE DANÇA
Mulher trans, nascida em Parnaíba em 1977, Fernanda Silva carrega em seu corpo a travessia de uma arte que não se contenta em caber em padrões. Transicionou aos 37 anos, mas sempre soube que a identidade não cabe em fronteiras. “Quando fiz minha transição não imaginava ser ativista, mas isso aconteceu porque eu transionei e porque fui vítima de muitas violências. Foi quando eu entendi que meu corpo é luta, que eu sou toda a luta”, afirma.

Entre enchentes e espetáculos improvisados no quintal de casa, ela cresceu sob o céu pesado da ditadura, mas aprendeu cedo que a arte pode ser um fôlego onde falta o ar. Sua trajetória na cena começou nos anos 90, no Grupo de Teatro Metáfora, e segue viva, reinventando-se. Cada obra sua é um território de resistência, um espaço de invenção de si.
Ao lado de Fernanda, na realização de FEMINA, está Marcelo Evelin. Bailarino, coreógrafo e pesquisador das artes do corpo, doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Piaui. Vive entre Teresina e Amsterdam e trabalha em vários lugares do mundo como artista independente à frente da Plataforma Demolition Incorporada, baseada no CAMPO, um espaço de Residência e Resistência das Artes Performáticas em Teresina.

PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira, 21/02, 20h
Projeção de Ein Tanz fur Valeska Gert (um vídeo de Fernanda Silva)
Performance The Lady Macbeth
Entrevista performática TRANSIÇÃO (por Marcelo Evelin)
Sábado, 22/02, 20h
Projeção de FiLME (um filme de Marcelo Evelin e Danilo Carvalho)
Performance Antônia uma luz que chora
Entrevista performática FANTASMAGORIA (por Marcelo Evelin)
Domingo, 23/02, 20h
Projeção de Camélia (um filme de de Fernanda Silva e Max Herrmann)
Performance Impossível estuprar esta mulher cheia de vícios (texto de Virginie Despentes)
Entrevista performática IDENTIFICAÇÃO (por Marcelo Evelin)
Segunda-feira, 24/02, 20h
Projeção de vídeos de Valeska Gert
ESTREIA NACIONAL da Performance Uma Dança para Valeska Gert (criação de Fernanda Silva)
Entrevista performática INVOCAÇÃO (por Marcelo Evelin)
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