Press ESC to close

Ameaçado pela mineração: Quilombo Lagoas (PI) reúne parceiros na luta em defesa do território

Salvem o maior quilombo da caatinga: representantes de seis comunidades receberam representantes do MPF e outras entidades

“As pessoas precisam saber que a gente vai sofrer. Se não se unir a gente vai ver tudo isso aqui acabar”. O desabafo é do Mestre Isaías, puxador de reisado e quilombola da comunidade Lagoa de São Vitor.

A preocupação é justificada: desde 2015 a Mineradora SRN Holding tenta adentrar o território quilombola para exploração de ferro sem realização de uma consulta prévia ou diálogo mais amplo com a comunidade a cerca das consequências desse processo.

Os impactos sociais, ambientais, geomorfológicos e da paisagem natural do quilombo já estão previstos no Estudo de Impacto Ambiental e acendeu um sinal de alerta na comunidade.

Esse e outros temas foram debatidos em reunião ampliada da Associação Territorial do Quilombo Lagoas, que aconteceu na última sexta-feira (27/01), na comunidade Moisés e contou com a presença de representações de seis comunidades do território, além da Caritas Brasileira, Ministério Público Federal (MPF), Rede Ambiental do Piauí (REAPI), Plataforma de Comunicação e Educação Popular Ocorre Diário, Coletivo de Advogados/as Populares Antônia Flor, Instituto Ubíqua e Associação de Produtores/as Agroecológicos do Semiárido Piauiense (APASPI).

O presidente da Associação Territorial, Seu Raimundo, explicou o objetivo da reunião. “A ideia aqui é receber parceiros do nosso quilombo para pensar estratégias de visibilidade para as problemáticas que enfrentamos”, afirma.

Além da mineração, questões como educação quilombola, saúde quilombola e titulação das terras são reivindicações da comunidade que seguem sem respostas por parte do poder público dos seis municípios onde o quilombo esta situado.

A procuradora federal, Dra. Luise Torres de Araújo Lima, informou que já oficiou todos os municípios com relação as demandas da comunidade. “Os procedimentos já foram feitos, mas as prefeituras ainda não se pronunciaram. O Ministério Público segue atento e cobrando e respostas”, afirma.

Reafirmar a existência do quilombo é uma necessidade para que se mantenha viva a memória, história e cultura do maior território quilombola na caatinga e nordeste brasileiro.

Texto e fotos: Luan Matheus, pelo OcorreDiário

Comments (1)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo