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Após um ano, família de Alex Sander, morto pela Guarda Municipal de Teresina, busca Justiça

No dia 22 de março de 2020, enquanto todo o Brasil tentava entender a complexidade de uma pandemia, a família de Alex Sander estava partindo de São Paulo para Teresina-PI, em busca do filho que teve sua vida interrompida pela Guarda Municipal da capital. De família, amigos e familiares se juntaram para garantir todas as despesas (viagem, estadia em Teresina, gastos funerários e etc). A família até hoje reivindica na justiça reparação, mas até o momento as reivindicações da família não foram atendidas. 

Sobre as idas e vindas nos órgãos públicos e de justiça, Dona Fátima Simões, mãe da vítima, afirma que não teve êxito, se sentiu ignorada. Ela lembra que apenas em junho de 2020 recebeu uma carta da Assistência Social afirmando que arcariam com os custos do caixão. No entanto, a esta altura, o corpo já havia sido cremado, graças a uma campanha de arrecadação de dinheiro realizada por famílias, amigos e militantes dos direitos humanos. 

Alex Sander levou mais de 10 tiros, na rodoviária de Teresina, de passagem entre Pará e São Paulo, enquanto estava, aparentemente, tendo uma crise psicológica. O caso você acompanha nesse link. 

Um ano depois, Letycia do Nascimento Simões, irmã da vítima, ainda busca por justiça e afirma com veemência que não irá desistir. A irmã conta sobre a dor que a família ainda sofre. Abaixo, vamos compartilhar o depoimento de Letícia na íntegra, como forma de solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos por conta de uma cultura militarizada que atira como solução primeira para a segurança pública. 

A voz de Letycia:

“Hoje dia 22 de março de 2021 faz exatamente um ano que meu irmão Alex Sander do Nascimento Simões foi assassinado pela GCM do estado de Teresina, Piauí. Não existe um dia sequer que não pensamos no que aconteceu. Foram 11 tiros que Alex recebeu. A explicação da GCM é que ele tentou fugir na viatura da guarda depois de tentar desarmar os agentes assassinos. Um homem desarmado, tentando desarmar quatro agentes e fugindo numa viatura?! A história apurada pela polícia civil é que os guardas da GCM tiveram a intenção de matar meu irmão. O caso que corre na justiça, corre sem sabermos exatamente o desenrolar dos fatos. O promotor de justiça nunca entrou em contato com a gente e o defensor de direitos humanos pediu pra que eu não ficasse enviando mensagens porque o tempo de espera até um julgamento varia de 4 a 5 anos e que além do Alex existem mais uns cinco mil casos como esse na frente. No ano passado em meio a pandêmia recebemos a notícia de que isso havia acontecido com Alex apenas uma semana depois do ocorrido. Meu irmão ficou desaparecido por uma semana. Ninguém avisou que seu corpo já estava no IML, suas coisas todas estavam na delegacia, seu celular, seus documentos e seu material de trabalho, aquilo tudo que estava com ele no dia em que seu sangue, de forma tão vil, foi derramado.  Minha mãe aflita, procurou na internet o nome do meu irmão e viu uma notícia no G1, que descrevia meu irmão como um agressor que estava pelas ruas de Teresina, batendo em pessoas e se auto mutilando. Evidente que, além das mentiras sem precedentes  de uma mídia comprada, nos deparamos também com uma violação de direitos humanos tentando ser “justificada”. Eu vejo bem de perto a dor de uma mãe que teve a vida de seu filho arrancada à força pelo estado. Minha mãe sofre muito todos os dias. Todos os dias ela clama para ter o filho de volta. É triste demais, a  saudade vem ganhando mais espaço a cada dia. A revolta , a injustiça, e com ela e em meio a  tantas mortes a naturalização de tudo”.

Comments (1)

  • Fatima do nascimento Simõessays:

    7 de abril de 2021 at 12:51 PM

    Sou mãe do Alex, infelizmente parte de mim foi com ele, sei que não vou me recuparar porque a saudade só aumenta dia a dia as vezes penso que vou enlouquecer , estou em tratamento psicologico pra continuar vivendo .
    Mundo injusto e cruel , pessoas sem coração, pessoas má que tira a vida de alguém, que estava abalado psicologicamente precisando de ajuda ,e tão longe de casa e da sua mãe. Nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário sempre ajudou quem quer que seja .😪💔
    O filhinho dele meu neto até hoje chama pelo pai , ficará com o psicológico abalado pra sempre .😪

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