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As tentativas de uma Vídeodança

Hoje começa um convite para dançar e ler palavras conexas e desconexas.A ordem desses acontecimentos não importa, mas não fique estático.Provavelmente temos muito o que falar e escutar e proponho estarmos apenas presentes no presente.Se há erros podemos consertar juntos. Simbora…?

O distanciamento social motivado pelo Covid-19 mudou os roteiros dos cotidianos, do ser, da profissão, da arte, do corpo, da fala, da rotina, dos estudos, dos movimentos, da dança, do certo, errado, da economia, das referências, pesquisas e escritas sem avisos detalhados sobre o que realmente seria a existência em meio a pandemia. Estávamos vivendo organicamente de pequenas certezas e grandes revoltas internas e externas, mas as externas não era somente revolta é o direito negado de pretas, pretos e pobres que vai acumulando no corpo por todos os dias tentarmos resistir, insistir  em existir.

Estamos correndo atrás da cura ao mesmo tempo em que matamos conscientemente pretas e pretos sem o básico necessário para ter saúde mental e viver ou até mesmo sobreviver nas bordas da cidade. É inconsciente a nossa entrada no sistema mortífero porque não sabemos qual é exatamente o jogo porque o principal objetivo ainda é viver dentro ou fora do jogo, mas preferimos fora do jogo viver e com novas possibilidades. Ainda falamos de um direito básico de existir de peles pretas retintas, pois sempre morremos(bala, faca, assassinato) e estamos cansados de só morrer . O desejo de viver das pretas e pretos vem antes da pandemia e agora o minimo é existir condições básicas de existência para a negritude.

  De fato, Viver requer ousadia de torna-se as experiências ancestrais e do momento presente. Parece confuso relacionar cor , pensamentos , corpo,movimento e dança porque na existência o que era interligado foi segmentado pelo ser humano. Agora que estamos vivendo isoladamente fisicamente vamos percebendo que tudo se conecta : pessoas, culturas, éticas, morais,sentimentos,frustrações, alegrias e por ai vai….[

] … É um constante exercício de pretas e pretos retintos viver a vulnerabilidade  já sendo vulnerável  antes mesmo de compreender quem é este corpo no mundo. Portanto, dançar pode ser existir ou questionar o mundo, pois o corpo que por si só é vulnerável e com possibilidades infinitas quando dança atravessa as certezas da existência.

Talvez, os gestos e movimentos é uma mistura de perspectivas com reafirmação que hora são opressões  e outras desconstruções  que precisam serem inventadas novamente para mudar o micro e o macro. Nesse sentido,  entender o corpo que habita para compreender o próprio papel de sujeitas(os) ativos na sociedade requer pensar de forma orgânica em uma relação de fala e escuta  junto com outro.

De fato, a negociação é  individual com o mundo e consigo mesma , pois revela o que não é tão visível aos olhos , os outros sentidos precisam serem escutados e compreendidos com mesma importância. Diante disso, pra mim pulsa que devemos pensar em aprofundar raízes juntos

Investigar a vulnerabilidade e potencialidade do corpo neste lugar de pele preta é uma forma de questionar a estrutura social com uma outra linguagem. Talvez, insistir em Criar o que não existi ainda para acontecer coisas novas,pois os movimentos estão automatizados e com o isolamento social fica mais perceptível as repetições que dependendo do lugar do sujeito que ver vai imprimindo os adjetivos e caraterísticas viciosas de opressões

Foi a quarentena que colocou fisicamente todos em um espaço fechado de quatro paredes e é por enquanto é a única alternativa de prolongamento da vida para alguns e outros estão ao ar livre fazendo as paredes de forma invisível. São duas realidades e caminhos diferentes de compreensão da repetição do movimento,da existência e de sentir o caos no corpo, pois  tanto faz ser visível ou não carregam as opressões também que precisam serem alteradas, desconstruídas e assistidas de forma humanizada. Essa sensação da dualidade das sensações é uma construção social.

Em um quarto de paredes  Rosas e telhas laranjas,acontece de forma constante a pesquisa de empretecimento das coisas, a escuta das palavras  de Bell Hooks e também as sensações. Há uma persistência em agir …. “O corpo é poder de transformações e devir” (GIL, 1997).

Esse tanto de palavras é uma forma de dançar antes de fazer o hibridismo com a tecnologia e virar uma tentativa de videodança .

Na Boca da Rua é uma diálogo  do momento presente do ato performático  com a peformatividade  virtualizada. Schiller (2003), traz a compreensão que, durante o ato performático, não se pode controlar os movimentos que o corpo irá executar diante de uma câmera ou do público. A incerteza do que irá descobrir na ação dos movimentos é similar quando o artista está diante do público, ou ser humano na vida pois toda repetição mesmo no ensaio ou durante o ato performático, os acontecimentos são imprevisíveis.A vida é imprevisível. Essa incerteza dos acontecimentos coloca o corpo em um estado de peformatividade constante…

É por isso que Juntar fragmentos dos movimentos com as tecnologias é uma forma de investigar as sensações do contexto e dos adjetivos que o corpo carrega e desse novo corpo que se forma. Penar em outras formas de estabelecer o está presente de forma política e ativa no corpo é tencionar o próprio momento para desconstruir e existir. Pretas e pretos não querem apenas o básico do acesso a vida, mas a possibilidade de viver , criar, ser afetuoso sem tantas dores.

Boca da Rua são as tentativas de está presente neste momento de forma ativa. Essas palavras viram danças se assim desejar….

Boca da Rua…

Máscaras  Inconsciente,

Boca Maldita,

Boca que salva,

Boca de Lixo e Liberdades.

BERRO de vida.

Reflexo do incômodo.

A RUA e a prisão um paradoxo coletivo.

Duas massas, maçanetas que quer abrir portas e

cavar buracos    profundos  para romper o próprio ser.

Máscaras na boca da Rua insistem, persistem e se autodestruir

É PRECISO recriar, inventar tudo de novo…

            Um respiro e continua em movimento…

 .

Por: Maria Luisa Mendes| PRETA|Jornalista|RP|Assessora|Artista da Dança Contemporânea|Esp.Telejornalismo(FAR)|Esp.Estudos Contemporâneo da Dança(UFBA)|Estudante da pós de Direitos Humanos Esperança Garcia ( FAR)

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