Há dez anos, o município de Assunção do Piauí, a 283 km de Teresina, ficou nacionalmente conhecido por mostrar que a grande parte da população comia rabudo, uma espécie de roedor que vive nas regiões de pedregosas da caatinga. A repercussão da matéria causou polêmica e controvérsia, principalmente porque o animal é da mesma família dos ratos e ratazanas urbanas. Muitos dizem que comer rabudo (Thrichomys apereoide é seu nome científico), faz parte da cultura, outros admitiram que o animal era a única mistura que tinham para acompanhar o arroz e feijão.
Polêmicas à parte, dez anos após a reportagem veiculada pelo site UOL, Assunção do Piauí mostra como a relação com a alimentação pode ser múltipla, diversa e de base territorial. Nesta sexta-feira (04/08), uma grande feira de produtos da agricultura familiar dá início a uma série de outras feiras que vão ocorrer no Território dos Carnaubais, organizadas pela Cooperativa de Pequenos Produtores de Assunção do Piauí – COOPPRAS.
Segundo o Diretor de Relação de Exterior da Cooperativa, Caetano Silva, foi trabalhando muito duro que os agricultores conseguiram superar a falta de produção na agricultura familiar. “Hoje, na feira, estamos provando que foi possível plantar e colher de forma sustentável, econômica e de qualidade”, garante Caetano.
Quem for à feira vai encontrar frutas, verduras, cereais, bebidas típicas, pequenos animais artesanato. Além de agricultores de Assunção participam feirantes de Jatobá do Piauí, Campo Maior e Cabeceiras.
- Observação: o rabudo, assim como outros roedores (preá, cutia) típicos da caatinga, foram por muito tempo fonte de alimentação de diversos povos. Por se alimentarem unicamente de frutas e viverem em ambientes limpos na mata, não ofereciam risco. Entretanto, como animais silvestres, eles são protegidos pela Lei 5197, de janeiro de 1967, que em seu artigo segundo e terceiro proíbe a caça e o comércio de espécimes da fauna silvestre e de produtos e objetos que impliquem a sua caça, perseguição, destruição ou apanha.
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