Em produção desde o início de 2022, entrou em pré-venda o livro Autobiografias racializadas: exercícios para o letramento racial no Brasil. A obra pode ser adquirida no site da editora Letramento, responsável pela publicação, e propõe reflexões sobre raça a partir dos relatos de como os/as autores/as descobriram o próprio pertencimento étnico-racial.
A coletânea é escrita por pessoas brancas e negras de diversos estados brasileiros e diversas faixas e tárias, tendo três eixos temáticos principais: a racialização tardia, os olhares às marcas corporais e significados sociais que elas carregam; e a complexidade das relações multirraciais familiares e de classe. Tudo isso tendo como pano de fundo um país que historicamente alimenta o mito da democracia racial (porque, afinal, todos somos mestiços).
O lançamento do livro deve ocorrer em setembro, em Fortaleza, reunindo boa parte dos/as autores/as, já que muitos dos nomes são do Ceará e alguns de outras regiões já confirmaram presença no evento. A expectativa é de que o Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) sedie a cerimônia, já que a idealizadora da obra é Geísa Mattos, professora da instituição.
Além dela, duas pessoas negras já com livros publicados participaram da organização da compilação: a socióloga Tamis Porfírio, autora de A cor das empregadas: a invisibilidade racial no debate do trabalho doméstico remunerado, e o comunicólogo Bruno de Castro, finalista do Prêmio Jabuti de Literatura em 2020 com E, no princípio, ela veio: crônicas de memória e amor. Mestra em Ciências Sociais, Tamis cursa doutorado em Ciências Sociais na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Já Bruno é mestre em Antropologia e cursa doutorado em Comunicação na UFC.
A marca acadêmica é forte na obra porque todos os textos foram escritos como parte do conteúdo programático da disciplina “Racismo e Branquitude”, ministrada entre o fim de 2021 e o começo de 2022 para turmas de mestrado e doutorado por Geísa Mattos, dentro do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da UFC.
O que era para ser uma produção intimista, portanto, tornou-se livro sob a justificativa de contribuir com o debate sobre relações raciais no Brasil, que nos últimos anos tem pautado a agenda pública e ganho cada vez mais força no ambiente acadêmico, ainda apontado por estudiosos como extremamente branco e opressor para pessoas negras e LGBTs.
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