Grupo invadiu terreno na comunidade e destruiu plantações alegando cumprir ordens de empresário.
Após a audiência na 6ª Vara, Seu Raimundo, família e comunidade apoiadora (Foto: @ocorrediario)
Luta que se perde é aquele que se abandona, já dizia Colibri. O povo da Boa Esperança não foge da luta e nesta quarta (13) venceu mais uma batalha na luta pela moradia. Morador da comunidade, o vazanteiro seu Raimundo conseguiu na Justiça o direito de retomar seu terreno, invadido por um empresário da região.
Morador da Boa Esperança há mais de 35 anos, seu Raimundo foi surpreendido no fim do ano passado por um grupo de homens que se diziam estar a mando do “dono da terra” onde há anos o morador trabalha na plantação de frutas e hortaliças.
“Ano passado uma pessoa apresentou se dizendo dono da terra e cercou a terra do seu Raimundo, mas sem apresentar o documento. Seu Raimundo nos procurou e fomos a Defensoria Pública da União (DPU) onde iiniciou um processo na Justiça. Foi feito um boletim de ocorrência mas o acusado não apareceu”, explicou a moradora membro do Centro de Defesa Ferreira de Sousa e da Organização Popular (OPA), Lucia Oliveira.
O suposto dono da terra seria Edilson que teria vendido a propriedade para o empresário Franly, que atualmente responde ao processo na Justiça. Em dezembro pessoas desconhecidas da comunidade entraram na roça do seu Raimundo e cortaram toda a plantação do vazanteiro, que plantava bananas e abacaxis. O grupo construiu um portão e também derrubou a barraca de roça de Seu Raimundo.
Após o registro da ocorrência a polícia declarou que a entrada na roça estava suspensa até que fosse emitido parecer pela justiça. “Desde então estamos lutando até que hoje deu certo. A gente não concebe a forma como foi feito. O seu Raimundo é uma das pessoas que está lá há muitos anos, que vive da terra e foi assediado por várias pessoas. Quando chegamos lá (no dia da invasão) um senhor de 70 anos (Seu Raimundo) estava cercado por pessoas armadas com armas brancas cortando toda a plantação dele sem dar pra ele uma chance de falar”, lembra Lúcia com indignação.
Plantação de Seu Raimundo cortada na invasão. (Foto: Centro de Defesa)
Com a ordem judicial emitida pelo juiz da Sexta Vara Cível nesta quinta (13), um mandado de desapropriação deverá ser publicado nos próximos dias concedendo a Seu Raimundo o direito de reapropriar sua roça. Além da associação de moradores a luta conta com apoio de advogados e comunicadores populares.
Homem sereno de poucas palavras, Seu Raimundo diz estar confiante por ter o apoio da Associação João Ferreira de Sousa, e do restante da comunidade. Ele conta com o apoio da comunidade da Boa Esperança que deverá acompanhá-lo durante a reapropriação do terreno.
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