Geoparque Global é a denominação dada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em reconhecimento a lugares que ajudam a contar a história do planeta através de áreas geográficas com importância internacional, gerenciadas sob os conceitos de proteção, educação e desenvolvimento sustentável.
Desde 2017, a Associação Geoparque Serra do Sincorá – AGS, trabalha para trazer mais uma vez esse reconhecimento para o Brasil. A iniciativa sem fins lucrativos é formada por representantes dos quatro municípios que compõem a Serra do Sincorá: Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras.
Contando com o apoio da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e das Prefeituras Municipais, a AGS também tem a expectativa do apoio da Secretaria Estadual de Turismo do Estado (SETUR), para a submissão da candidatura de Geoparque Global à Unesco em 2024.
“Em 2022, nós tivemos a oportunidade de apresentar o projeto para o secretário de turismo do estado, Maurício Bacellar e tivemos como encaminhamento dessa reunião a criação de um Grupo de Trabalho para a implantação do Geoparque, e desde então, estamos nesse esforço de tentar compor esse grupo”, declara Renato Azevedo, Coordenador Geral do Projeto de Implantação do Geoparque.
Durante todo o ano, a AGS desenvolve um plano estratégico de ações para ajudar na submissão da candidatura. Renato explica que existem um check list de requisitos para que a chancela de Geoparque seja alcançada, desde os mais burocráticos como o inventário do patrimônio natural e cultural da região, quanto aos mais simples, como a visibilidade do parque através da divulgação midiática.
Eventos que são realizados nos quatros municípios que compõem o parque, e o Centro de Informação ao Turista no aeroporto de Lençóis, são estratégicos. E o trabalho desenvolvido com o empreendedorismo, parcerias, conservação e a comunidade, também trazem mais pontos positivos para o planejamento da candidatura.
GEOPARQUE: PATRIMÔNIO x TURISMO x COMUNIDADE
A Associação entende que para desenvolver o território de forma sustentável, a alavanca precursora vem através do turismo, já que para o seu entendimento, é a atividade econômica que menos deixa marcas no ambiente.
A ideia é que o turista não deixe nada a não ser o seu sentimento. “O turismo sustentável fecharia a equação econômica. Ou seja, de um lado você tem a conservação do patrimônio, e do outro, a educação ambiental para você poder conservar. E essas atividades seriam geridas por recursos vindo do turismo, seria um ciclo muito produtivo/virtuoso”, afirma Renato.
No papel de guardiã do patrimônio cultural e natural da região, a comunidade precisa está envolvida em todo o processo, tanto pelo o objetivo de melhorar a qualidade de vida de quem mora no território, quanto também pelo reconhecimento da Unesco, que acredita em uma construção de baixo para cima, a partir do desejo da comunidade, e não de um decreto governamental para criação de áreas de preservação.
Em um Geoparque, o trabalho de conservação é essencial para as gerações futuras, já que é do próprio patrimônio que o homem retira matéria prima para viver e desenvolver sua cultura, como se fosse uma via de mão dupla, onde a comunidade é a maior beneficiada através desse desenvolvimento e o meio ambiente se mantém preservado.
SERRA DO SINCORÁ
A Serra do Sincorá foi um dos principais pontos de extração de diamantes no século XIX e atualmente a área do Geoparque, que compreende os quatros municípios que formam a serra, tem aproximadamente 6.300 km quadrados e cerca de 40 mil pessoas vivem no território, desenvolvendo a agricultura e a pecuária como principais atividades econômicas, além do turismo.
Na década de 80 do século passado, sem a mineração das pedras preciosas, a região voltou a ganhar destaque com gravações de novelas e o turismo começou a se movimentar. O Aeroporto Horácio de Matos, o segundo com a maior pista da Bahia, foi inaugurado em Lençóis e um hotel 5 estrelas abriu suas portas na cidade.
As formações geológicas mais relevantes encontrados na região são as cachoeiras, com o destaque para a Cachoeira da Fumaça, a maior em queda livre do país, sítio arqueológicos como a Serra das Paridas, que contém pinturas rupestres de aproximadamente 8 mil anos, e formações montanhosas, como o Morro do Pai Inácio, que é o principal cartão postal da Chapada Diamantina.
Texto: Maura Vitória
Fotos e imagens: Associação Geoparque Serra do Sincorá
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