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É preciso ancestralidade para viver e sair da crise

Segundo encontro do Círculo de Saberes trata Bem Viver, Ubuntu e Ukama

No segundo dia do curso “Ações Coletivas: Pensar/Agir na sociedade”, ministrado pela professora Maria Sueli Rodrigues, foi o momento de contemplar as cosmovisões ancestrais como o Bem Viver, Ubuntu e Ukama.

A aula contou com a participação especial da intelectual indígena, Aline Rochedo Pachamama, que trouxe palavras de encantamentos para outros presentes possíveis. O curso faz parte do Projeto Círculo de Saberes – Pensar/Agir na sociedade, promovido pelo OcorreDiário

“O bem viver é coletivo, é o trato com o nosso meio, é o trato com o nosso meio, é o trato com a floresta que está dentro de nós, é a água do rio que clama pra poder correr, é a criança que quer se lançar na terra. A terra é a própria vida”, afirma Aline Pachamama.

Somada à essa visão Sueli afirma que a modernidade colonial tirou o lugar das relações mais coletivas entre ser humano e seu entorno (natureza).

Reprodução @professorasuelicevenb

O ser humano tem a visão de que é superior e que o coloca acima das outras vidas e as trata como se estivessem a sua disposição”. Ao contrário dessas relações desiguais, Aline revela a sabedoria dos povos originários “Tenho aprendido muito com os animais, eu procuro estudar o que eles me transmitem. O ser humano se desconectou disso, dos que eles têm a nos ensinar”, afirma Sueli.

É preciso fazer enfrentamento a este modelo de desenvolvimento capitalista que a tudo destrói em nome do progresso. Por isso, Sueli afirma:

“O bem viver (viver sem destruir as outras vidas), Ukama (Olhar para o outro) e Ubuntu (eu sou porque, porque nós somos) são resistências dentro da modernidade, quanto mais se mostra a incapacidade desse negócio sustentar tanta gente, mais a resistências se tornam visíveis. Essas resistências são ontologias de um ser diferente que não sabemos”

Diante da crise, Sueli aponta que os caminhos para resistência anticapitalista nos países colonizados devem seguir suas próprias histórias, memórias e modos de ser ancestrais.

“A gente anima a nossa luta e o nosso desafio é viver sem destruir as outras vidas e entrar nessa sintonia. A gente precisa fortalecer essas resistências ontológicas e não podem ser fortalecidas pela epistemologia do trabalho, porque elas se relacionam, possuem suas próprias epistemologias e isso precisar entrar nos livros”, diz. 

Abrindo o círculo para as falas, Raimundo Gutemberg, nosso querido BaiBai completa

a ancestralidade do ser divino vem da natureza, a nossa mãe. A ancestralidade da pessoas negras vem se encontrando e se reafirmando, confirmando que a história começou no continente africano, que iniciou com a interação dos elementos. Se houver desconexão, ela nos afasta dos povos originários e africanos e consequentemente da natureza e de seus elementos, formando um ser racional”.

 Lúcia Oliveira pontua a fala da Aline em relação que aquilo que procuramos está tão perto e não achamos. Afirmou que a natureza por si só se reconstrói e estamos nos destruindo, cuja tendência seja de ficar pior, porque o progresso está mostrando as as suas vísceras. Em relação a fala da Sueli, diz na umbanda se aprende que tem coisas que não temos permissão de saber, porque quando a temos, nós a destruímos. Por isso que há tem conhecimento africano que não é para os brancos e eles não devem saber. 

Se você não conseguiu se inscrever no curso ou não conseguiu participar da aula on-line. Não se preocupe, a aula pode ser assistida aqui.

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