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Com denúncias de bombas desligadas, região da Lagoa dos Oleiros alaga e famílias são retiradas do local

O ano novo começou, mas as velhas questões se repetem. No dia 2 de janeiro, moradores das comunidades que rodeiam a Lagoa dos Oleiros estrearam o ano com o já antigo dilema das bombas desligadas. Um morador local fez um vídeo das bombas que deveriam impedir o alagamento da região, e elas estavam desligadas. Na manhã do dia 3 de janeiro, profissionais da prefeitura se encontravam no local, mas a população continua em alerta.

Segundo a moradora do Mafrense, Dilma Vilante, na manhã do dia 2 de janeiro já havia pessoas alagadas. Na ocasião a prefeitura apareceu e realizou a retiradas de algumas famílias, que resistiram, mas acabaram deixando o local. “As bombas desligadas, depois foram ligadas, mesmo assim a água não baixou. Causou muito pânico nas pessoas”, afirma Dilma acrescentando sobre a falta de planejamento e limpeza. “Tinha muito lixo na lagoa, porque ela não foi limpa antes do período de inverno. Sabendo que ia começar o inverno e não limparam nada. O lixo acabou entupindo a boca do bueiro”, conta.

O Centro de Defesa Ferreira de Sousa, entidade comunitária e de defesa dos Direitos Humanos, logo se pronunciou sobre a questão e está em busca de respostas para o acontecido. Para a vice-presidenta da entidade, Lúcia Oliveira, a situação não deveria ter acontecido, pois existiu um investimento para um sistema de bombeamento que evitasse esse tipo de situação.

Segundo Lúcia, não é a primeira vez que a localidade alaga pelo fato de as bombas estarem desligadas. “A gente pode falar a partir da nossa observação. As chuvas estão apenas no começo. Nós já passamos por outras experiências de chuvas mais fortes e as casas das pessoas não entrou água. Teve ano que aconteceu isso e quando a gente foi verificar as bombas estavam desligadas”, afirma. A defensora de direitos humanos questiona ainda o fato de removerem as pessoas do local, “a culpa não é das pessoas. O sistema de bombeamento que deveria funcionar”. 

Além disso, na manhã do dia 03 de janeiro, Isabel Jardim, outra moradora da região, confirmou o que vem sendo denunciado nos últimos dias. Ela registrou um vídeo no local de funcionamento das bombas mostrando que as bombas estavam parcialmente ligadas, quando na verdade, pelo volume de chuvas que caiu na região, todas deveriam estar sendo utilizadas. “É proposital, parece, porque todo ano chove. Todo mundo sabe que as bombas devem ficar ligadas.”, afirma.

 

Seu Guimarães, morador da Nova Brasília, ainda sugere “que coloque o comando de automação com bóias de nível, para que não precise ninguém ir ligar e desligar as bombas, a água aumenta e o sistema entra em ação. Essas bombas não podem ser desligadas nunca, tem que estar ligadas a um sistema de automação de comando direito, pois acontece chuvas torrenciais a qualquer momento.”

O monitoramento das áreas próximas às lagoas do Mafrense, do São Joaquim, dos Oleiros e do Jacaré é necessário para evitar a situação desta madrugada. Na região existem quatro estações de bombeamento: a primeira é a Estação da Boa Esperança, que fica na Lagoa dos Oleiros, próximo ao Encontro dos Rios; a segunda está localizada no Parque Ambiental Matias Matos; a terceira está nas proximidades do Hospital do Mocambinho, e a quarta fica na Avenida Marechal Castelo Branco, nas proximidades da Ponte da Primavera.

As estações garantem o escoamento da água nos bairros Mafrense, Poti, Parque Alvorada, São Joaquim, Nova Brasília; Parque Brasil e Mocambinho sendo necessário o perfeito funcionamento e manutenção diária.

O complexo de 11 Lagoas da região Norte de Teresina, junto com seus canais de interligação, servem como um sistema de contenção das cheias, no entanto para que esses sistema natural funcione é necessário um trabalho técnico de prevenção que inclui, além da manutenção das bombas, a limpeza dos bueiros de escoamento e desobstrução dos canais, o que, segundo relato dos moradores locais, não foi realizado.

Desde ontem, sem chuvas, e com o maior funcionamento das estações de bombeamento, o nível das águas já voltou a baixar. 

A população quer saber: por que o uso das bombas não foi suficiente para o escoamento das águas da chuva? Por que na noite do dia 2 de janeiro as bombas estavam desligadas e não tinha qualquer funcionário fazendo monitoramento no local? Por que na manhã do dia 3, nem todas as bombas estavam sendo usadas?  E quem se responsabilizará pelos danos causados? As comunidades atingidas exigem que a prefeitura e seus técnicos forneçam explicações sobre o uso das bombas, sua manutenção, sobre os cuidados preventivos para o período de chuvas, enfim, sobre a estratégia da prefeitura de Teresina de enfrentamento ao período chuvoso. E pedem que as instituições de justiça e direitos humanos façam investigações e acompanhem o caso. 

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