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Com discurso em tom Bolsonarista, Dr. Pessoa negligência aumento dos casos Covid em Teresina

Desde o início da Pandemia da Covid-19, no início do ano passado, o discurso que “é preciso salvar a economia” ganhou força no Governo Federal. Bolsonaro e seus ministros atuaram com certo privilégio às questões econômicas, enquanto o número de mortes só crescia no país inteiro. Hoje o Brasil tem mais de 200 mil vidas perdidas pra Covid-19 e, segundo a Consultoria MediTalks, a pior gestão da Pandemia no mundo.

Na última semana, em meio ao aumento de casos e das taxas de ocupação dos leitos na capital e interior, o Governo do Estado emitiu um decreto proibindo a realização de festas, públicas ou privadas, além da redução do horário de funcionamento do comércio e de bares e restaurantes. O decreto proíbe música ao vivo em bares, shows, festas individuais, etc. 

No dia 28/01, a ocupação dos leitos de UTI COVID nos hospitais públicos de Teresina, excetuando-se leitos pediátricos e obstétricos, chegou a 91%. Um cenário de quase colapso do sistema público. De acordo com o Centro de Operações Emergenciais (COE), o momento atual da pandemia no Piauí é delicado, por uma conjunção de fatores:

“Aumento dos casos de COVID-19 em decorrência das aglomerações ocorridas nas festas de final de ano, elevação da taxa de ocupação dos leitos de UTI, aumento da demanda nacional por equipamentos, medicamentos e insumos hospitalares, retorno das atividades escolares presenciais com maior circulação de pessoas, presença de novas variantes genéticas do vírus SARS-CoV-2 no território brasileiro com maior poder de disseminação e véspera de uma festa popular com grande apelo em todo o país, o carnaval”, afirma em Nota divulgada neste sábado. 

No meio desse cenário delicado, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (MBD), foi à Brasília na última sexta-feira (29/01), a convite de Jair Bolsonaro. No retorno a Teresina-PI, neste sábado (30/01), Dr. Pessoa divulgou um Decreto Municipal com o objetivo de flexibilizar o Decreto Estadual e autorizar a realização dos shows em bares e restaurantes, além de ampliar o horário de funcionamento do comércio e bares. O decreto ainda dá margens para realização de festas privadas, em buffets e restaurantes. 

“Chegamos à seguinte conclusão: não olhar demais para a economia e não olhar de mais ou de menos para a economia. Nós olhamos mais um pouquinho para a vida, mas também olhamos para a economia, que está em declínio cada vez mais. O posicionamento nosso foi esse”, afirma o Prefeito de Teresina.

 

Fonte: PMT / Circulação Redes Sociais

A decisão, muito similar aos discursos feitos pelo Presidente Jair Bolsonaro, não agradou a especialistas e profissionais da saúde. Ainda no sábado (30/01), o Juiz Anderson de Brito, da 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina, emitiu decisão judicial proibindo que a Prefeitura de Teresina autorize a realização de eventos que promovam aglomerações de pessoas, sejam elas em ambiente aberto ou fechado. 

CRM-PI AFIRMA QUE GESTÃO MUNICIPAL VER O CENÁRIO DA PANDEMIA SOB UMA ÓTICA MÍOPE E INDIFERENTE

Em nota publicada neste sábado, o Conselho Regional de Medicina (CRM) no Piauí criticou a postura da Prefeitura de Teresina, após emissão do decreto municipal de flexibilização do Decreto Estadual. Para o Conselho, o Decreto n° 20.556, assinado pelo Prefeito de Teresina, vai na contramão do posicionamento estadual, sob a justificativa de que a economia e a proteção à vida devem caminhar juntas.

“Salta aos olhos que os gestores municipais parecem negligenciar sua responsabilidade com a saúde da população teresinense, enxergando o triste cenário da pandemia em nossa capital sob uma ótica míope e indiferente. O estado da pandemia é de emergência, o que exige de todas as autoridades ações efetivas e concretas para proteger a saúde pública. Conforme destacado pelo COE da SESAPI” afirma a nota assinada pela Dra. Miriam Parente, presidenta do CRM-PI.

Diante desta incongruência de posicionamentos, o CRM-PI externou sua insatisfação em relação ao Decreto n° 20.556, de 29 de janeiro de 2021, da Prefeitura de Teresina, ao tempo em que requer que os gestores tratam a saúde com absoluta prioridade, a fim de evitar que os teresinenses passem por igual sofrimento enfrentado pelos pacientes oriundos de Manaus-AM.

DECRETO ESTADUAL TAMBÉM É INSUFICIENTE PARA CONTER O AVANÇO DA PANDEMIA, ALERTA ESPECIALISTA

Prof. Emídio Matos / Arquivo Pessoal

De acordo com o Professor Dr. Emídio Matos, da Universidade Federal do Piauí, o estágio atual da Pandemia no estado é similar ao registrado em Agosto do ano passado, quando o governo iniciava a reabertura gradual das atividades econômicas. 

“A pergunta é: porque estamos ampliando a reabertura e não o contrário? O que mudou de agosto pra cá? Temos tratamento eficaz? Temos a população imunizada por vacina?”, questiona o Professor alertando que é preciso medidas mais enérgicas e não apenas aplicar a capacidade do sistema de saúde. 

Para o Dr. Emídio Matos, o decreto sozinho, não resolve. “Com horário reduzido as pessoas deixaram de ir e irão mais pessoas num mesmo horário? A reabertura das escolas aumentou muito a circulação das pessoas. Além disso, precisaríamos testar mais e com maior celeridade. As pessoas contaminadas e aquelas que tiveram contato com elas precisam ser orientadas pela equipe da atenção básica de saúde e lhe serem dadas também as condições de isolamento. Se não se identificar os contaminados e isolar, o vírus não para de circular”, afirma.

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