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COMPANHIA

Nem olhei o relógio

Parecia ser o momento mais comum do dia

Embora não tão incomum, uma vez que o silêncio imperava no horário de relógio que anunciava o turno vespertino

Será se as crianças barulhentas estavam na escola e seus pais conferiam reprises de novelas com o volume baixo dos televisores?

Decidi fazer um café e, nesse intento, não achei a cafeteira italiana

Estava sem paciência para procurar, então sentei no sofá

Senti que o café poderia esperar, porém minha montagem humana tão bem planejada poderia ter o luxo dessa espera?

Chegou-se ao ponto em que os móveis não voltavam mais arrependidos e nem empoeirados

E o que faço da minha escolha de vida que é cuidar do silêncio o qual, sem querer, acabei virando seu inquilino?

Lembrei que havia emprestado a cafeteira para a vizinha do apartamento da frente

Fui solicitar meu objeto de volta

Ela agradeceu o incomum empréstimo e eu comentei sobre um cavalo do cão que vi pairando de manhã sobre as flores do jardim do condomínio

Nos despedimos, fiz meu café e depois não encontrei mais o silêncio.

Texto e foto: Rodrigo Cruz

Rodrigo é Cientista político, sociólogo, antropólogo, cronista, contista, poeta, amante de cerveja, música, pessoas, praia e professor do IFPI.

Comments (2)

  • ROSALIA ALMEIDAsays:

    7 de maio de 2020 at 8:15 PM

    “Decidi fazer um café e, nesse intento, não achei a cafeteira italiana
    Estava sem paciência para procurar, então sentei no sofá
    Senti que o café poderia esperar, porém minha montagem humana tão bem planejada poderia ter o luxo dessa espera?
    Chegou-se ao ponto em que os móveis não voltavam mais arrependidos e nem empoeirados”

    Rodrigo, me vi nessa passagem da sua crônica

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