A terceira edição do Mosaico Feminista do projeto-ação Meu Voto Será Feminista já conta com mais de 230 candidatas do campo progressista de todas as regiões do Brasil que estão se colocando como candidatas presidenta e vice, deputadas estaduais e federais, senadoras, governadoras e vice nestas eleições. A lista é diariamente atualizada para inclusão das candidaturas que se somarão às demais potentes mulheres diversas, com inscrições abertas pelo site: https://mosaico.meuvotoserafeminista.com.br/. A lista também foi ao ar nas eleições de 2018 e 2020.
Não são apenas registros de candidaturas de mulheres plurais – negras, indígenas, brancas, periféricas, LBTs, com deficiência, dos campos, das águas, das cidades – são plataformas políticas feministas compromissadas com uma agenda de direitos, por isso cada candidata que integra o mosaico assina a carta-compromisso do projeto, que resume os valores feministas, como lutar pela paridade de raça e gênero na política, criar uma agenda antirracista, montar uma gestão plural e inclusiva, lutar pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, pelo aborto legal, seguro e gratuito, entre vários outros temas.
O mosaico busca visibilizar as mulheres que se colocam na disputa eleitoral, fortalecendo suas campanhas e disseminando os projetos políticos que encampam. A proposta é apoiar a presença pública delas, nas redes e ruas, para alterar o quadro de sub-representação, ampliar a diversidade de mulheres no poder e favorecer tanto a chegada mais qualificada como a manutenção robusta nestes espaços.
Atualmente, o Congresso Nacional é composto por apenas 15% de mulheres, apenas 11% são governadoras. É uma taxa de ocupação baixíssima, menor que a da América Latina e do Mundo. É incompatível com a realidade das mulheres como maioria da população (52%) e maioria das eleitoras (53%). De acordo com a pesquisa “Balanço Das Parlamentares” do Mulheres Negras Decidem, apenas 1% do Senado Federal é Feminino e Negro.
Para fazer parte do Mosaico a candidatura individual ou coletiva é que se inscreve, pois é necessário que assuma voluntariamente os compromissos da carta de intenções que pauta uma agenda inegociável de direitos humanos e justiça social. Elas também precisam ser de partido do campo progressista. No caso de candidaturas coletivas, é necessário que a mulher seja a representante formal do grupo, como forma de valorizar a presença delas nas tribunas e espaços de disputa.
O Instituto UpDate e a Plataforma “Elas no Poder” retomam que a fraude de alguns partidos impacta na participação efetiva de mulheres na política. Por meio das “candidaturas laranjas”, ou seja, falsas, os partidos se utilizam delas para fraudar leis, desviar recursos públicos e receber mais dinheiro do fundo eleitoral, o que é configurado como crime eleitoral.
Em parte dos casos, as mulheres são usadas como candidatas de fachada para preencherem a cota mínima de 30% das candidaturas femininas previstas por lei. Dessa forma, as mulheres acabam expostas e a população deixa de acreditar em sua participação efetiva. De acordo com o Instituto Update, essa prática perpetua a violência política de gênero porque objetifica a participação feminina na política.
Outro foco do Mosaico esse ano foram as candidaturas indígenas. De acordo com levantamento do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) a maioria das candidaturas indígenas disputam cargos para deputado estadual, são de residentes da região Norte e – ao contrário das candidaturas brancas – há um equilíbrio no número de homens e mulheres que pleiteiam as vagas.
A articuladora do Mosaico no Nordeste, Carmen Kemoly, explica que foi possível observar a grande quantidade de candidaturas indígenas do campo da direita. “Das 186 candidaturas indígenas, de acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pelo menos 86 eram candidatas mulheres, porém, 35 delas do campo conservador. No maior estado com cadastro de indígenas mulheres, em Roraima, das 15 candidatas, dez eram de partidos da direita. É um fator preocupante”, revela a comunicadora.
Histórico do Mosaico:
Nas eleições de 2018, o mosaico feminista foi formado por 96 candidatas, de seis partidos (Psol, PT, PCdoB, PCB, PSB, REDE), em 16 estados. Do total, 14 candidaturas foram eleitas, sendo 24 mulheres no poder, pois duas das candidaturas foram coletivas (Juntas/PE e Bancada Ativista/SP).
Somando todos os votos nas mulheres da plataforma, foram mais de 10 milhões. Em percentual, 15% da plataforma foi eleita, um número parecido com o que aconteceu no parlamento de maneira geral. Mais de 400 mulheres participaram das campanhas como aliadas, ampliando as condições de disputa, a atuação coletiva e a qualificação dos projetos políticos.
“Em 2020, ano de eleições municipais, reunimos 288 candidaturas feministas em nossa plataforma, mesmo com todos os desafios impostos pela pandemia. Elas eram feministas de 117 cidades, 22 estados e 09 partidos políticos. Juntas, as candidaturas conquistaram 44.377.783 votos. Foi feito um trabalho de incidência pela distribuição de recursos de acordo com a previsão legal”, relembra Bia Paes, uma das idealizadoras do Mosaico.
O resultado contribuiu para a eleição de 2 prefeitas, 26 vereadoras e 5 co-vereadoras, e, portanto, para a condução de 33 feministas ao poder.
Mais informações:
Mosaico: https://mosaico.meuvotoserafeminista.com.br/
Site: https://www.meuvotoserafeminista.com.br/
Juliana Romão – 81 99739-3366
Bia Paes – 81 9708-6386
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