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“Elas nas telas” dá um salve às mulheres artistas das quebradas teresinenses

Já sacou o comecinho da saga das manas da Popoka Crio? Pois cuida em catar essa história plena de afetos e resistência que a artista Fany Magalhães catou lá no Hip Hop na Quebrada, evento organizado pela Val e Magnta em maio de 2019 em mais uma empreitada da Foi Lindo Produções. Esta prosperitchie aconteceu na Escolinha São Francisco, na Rua 07, no Bairro Satélite na nossa Teresina na terra querida Piauí.

Elas nas Telas no Hip Hop na Quebrada no Satélite

A edição do evento foi mobilizada para homenagear as mães no mês de maio e por isso chamou-se “Elas nas Telas”, mas em vez de homenagem as manas queriam mesmo era mandar a telas delas e pintar muito nos muros alvos da Escolinha que estavam ansiosos pelas cores destas garotas, mães, filhas, irmãs, maduras, meninas… prontas pra ganhar as ruas.

E assim elas fizeram! Montaram um grupo no whatsapp intitulado “Intera das Tintas” pra articular as gatas que tavam afim de mandar o babado delas nesses espaços públicos, que são territórios de disputa que os manos acostumaram-se a protagonizar.

Esta mobilização feminina deu início a Papoka Crio com as artistas: Bahlo – @_odar_a , Blue – @isafernand_ , Evoé – @e_v_o_e , Ísis – @xamisticas , Lannak – @llanak , Línea – @lineaaaa_ , Lud – @ludnasc_ , Maria Simone – @mariasimonethe , Mika – @mika_arte , Rika – @rikavdc_crew , Sabino @sabino_nao_sabe , Simone @symoneh e Tassy – @tassytreze . A história linda deste encontro de manas aguerridas podemos conferir no documentário.

Em meio a este “turbilhão”, Fany estava circulando o Brasil com o projeto nômade girar_gerar, com o qual trocava experiências com gatas artistas de rua. Ela tinha ido só pra colar lambe, mas o instinto dela mostrou que tinha mais coisa rolando do que só um evento de hip hop.

A exibição e finalização do documentário contou com o apoio da artista Railane Raio que articulava a Casa Solar (na Rua Area Leão – centro de Teresina). Nessa casa vintage do centrão este registro foi exposto pela primeira vez. Foi lindo ver aquele monte de mana reunida compartilhando suas vivências nas ruas: contando os riscos, as angústias, as alegrias, os enfrentamentos e a resistência.

Nos depoimentos podemos perceber como o corre das manas é puxado. Cada uma com suas peculiaridades que giram em torno de vários tabus: a maternidade, a sexualidade, o machismo, a família, o lar, a rua, os amores, as dores.

Pedacinhos de vários sentimentos foram se juntando naquela tela e naquela sala solar vendo o nascimento e expansão da Papoka Crio. Singularidades unidas por uma vontade enorme de fazer arte, ocupar as ruas… de traçar suas próprias histórias, colorir suas próprias telas. Subjetividades germinando de forma coletiva num bonde de lutas, lindezas e liberdades.

Elas nas Telas na Casa Solar com a obra de @sunsarara ao centro

Para além desta sensibilidade é de se admirar também a estética da precariedade muito bem conduzida no filme. Com imagens feitas numa câmera esportiva precária (tipo uma go pro genérica) e músicas de Bebel Frota, Carmen Kemoly – @bebel.frota , Carmen Kemoly – @ckemoly e Laura e Laura Gigriola – @lauragigriola. O filme também conta com as presenças babadeiras da BGirl Anaby – @anaby_bgirl, Preta Priih – @preta.priih e do WG – @wg.corjacrew.

Se liga nessa galeram, segue geral e assiste esse filme que mostra que nossa querida Terezona Terezaineeeee ahaza e toca corações nos cofins de Minas Gerais. A Fany nasceu em Barbacena(MG) e é do mundo com graduação em artes cênicas(UFOP) e mestrado em teatro (UDESC). No meio de vários rolês, encantou-se com as margens do Parnaíba e foi até premiada em parceria com o artista Phiplip Marinho com obra “Assentamento” no Prêmio de Artes Visuais da Fundação Cultural Monsenhor Chaves (2018).

Sobre a potência teresinense e a força da quebrada, a Fany me contou o seguinte bapho: “Os encontros que tive desde que cheguei em Teresina foram sempre muito intensos e marcantes. E minha relação com a cidade cresceu muito no Hip Hop na Quebrada. Quando encontrei as manas do grafite naquele contexto, encontrei também muitos entendimentos e motivos do meu percurso pessoal e artístico, no que entendo por ser mulher e praticar a rua. O hip hop me pertence também, embora não tenha me sido oferecido na minha quebrada de origem. Hoje sou uma mulher com outra consciência e isso devo muito a essa experiência. O curta pra mim é mais que um doc, é um registro de um ritual de passagem muito particular, que desconfio não ser só meu… por isso precisei compartilhar um pouco do que ouvi e vivi naqueles dias. É sobre se afirmar para além das violências que sofremos como mulheres… é sobre girar e gerar…”

São vários os roles dessa gata e um dos mais recentes que dá pra acompanhar agora em março é a presença dela na 7ª MIT (Mostra Internacional de Teatro) na ação pedagógica chamada “LABEXP3 – Presenças Incômodas: Onde Está a Rebeldia?” Se quiser saber mais se joga no link: https://mitsp.org/2020/labexp3-presencas-incomodas-onde-esta-rebeldia/ No mais segue o insta dela – @fany.magalhaes – e acompanha suas recomendações, sobretudo as nordestinas. Não esquece de acreditar em Teresina nas manas e no rolê que a prosperty sempre reina praquelas que acreditam. Besos Besos

Matéria assinada por: PESTINHA

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