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Manipulação na eleição da diretoria do Comitê da Bacia do Rio Parnaíba

Eleição da diretoria do comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba. Artigo de Tânia Martins reúne áudios com denúncias de que governos estaduais estariam aparelhando o Comitê da Bacia

Imagino que os secretários de meio ambiente do Piauí, Daniel Oliveira, do Maranhão, Pedro Chagas e de Recursos Hídricos do Ceará, Marcos Ribeiro Monteiro caíram na farra, após a eleição da diretoria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba, no dia 8 de novembro de 2023. Eles saíram vitoriosos, para rir muito dos “otários”, como certamente pensam sobre as pessoas que representaram a sociedade civil nesse processo, e que são protagonistas da luta para criar o Comitê, conforme sua concepção, integrado e descentralizado. Se fosse para aparelhar, não se teria perdido tempo rebatendo as inúmeras tentativas do domínio, por governantes que já passaram.

Acontece que os “otários” (contém ironia aqui) acreditaram que seria uma eleição limpa; só que não. Uma trama, não tão secreta, foi montada pelo Secretário de Meio Ambiente do Piauí, acompanhados dos demais do Ceará e Maranhão para formarem uma chapa com Daniel na presidência e os demais indicando nomes de suas confiança.

A partir do registro da chapa, os secretários colocaram em prática o plano para evitar concorrência, que consistiu em usar o poder administrativo/político junto aos eleitores, usando diversos artifícios patéticos, para que não aceitassem fazer parte de outra chapa, e assim serem eleitos por aclamação. Deu certo, nenhuma entidade dos segmentos previstos dos três estados aceitou compor uma segunda chapa. Afinal, como bem disse um eleitor assediado, “quem vai contra os poderosos? ninguém”. (ouça os áudios do plano).

O áudio acima foi editado para preservar a pessoa e evitar que ela sofra retaliação.

O mais exitoso na trama foi o Secretário do Ceará. Por ter poucos membros com direito a voto, apenas oito, foi fácil e rápida a manipulação. Até mesmo a tão reconhecida Associação Caatinga, não se sensibilizou, preferindo seguir o plano estabelecido pela arrogância, ganância e porque não dizer, luxúria dos políticos.

Dito isso, vamos ao que está por trás da trama, que é sem dúvida a privatização da água. Há algum tempo que a força do Mercado vem trabalhando incansavelmente para se apropriar da água no País, grupos do setor elétrico, mineração e saneamento, empresas como Vale, Ambev, Coca-Cola, BRK Ambiental, bancos privados e corporações transnacionais estão ávidos para se apropriar de rios e das águas subterrâneo do Brasil. Motivações humanitárias como a oferta de água aos pobres, melhora dos índices de saúde por doenças de veiculação hídrica não estão no radar dessas empresas e nem dos governos.

No caso do Piauí, certamente o atual governador, Rafael Fontelles, pelo discurso que protagoniza, principalmente em relação ao hidrogênio verde, não vai demorar em chegar à água, assim como o saneamento, serão entregues a uma grande empresa, de preferência transnacional. E sobre hidrogênio verde, estudos científicos já disponíveis apontam que nada tem de verde na geração de energia, pois para ser produzido, utiliza muita água limpa e pura. Para cada megawatt de energia, é necessário usar cinco mil litros de água, sem contar que o armazenamento e transporte exigem uma mega estrutura com instalação de dutos por quilômetros.

São muitas as virtudes do modelo de gestão dos Comitês de Bacias Hidrograficas do Brasil, fundamentado na descentralização política/administrativa e com a participação da sociedade civil.
Porém da forma como foi constituída a diretoria do recém-nascido Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba, com manipulação e mentiras, tende a se tornar um coletivo blindado pelos políticos já que sobraram poucas vozes para fazer o contraponto no colegiado e, assim, conseguirem atender aos interesses dos poluidores, dos gringos que tanto querem nossa água, aliás, nenhum País vem explorar o Brasil se não for para roubar, expropriar e destruir nossas riquezas naturais.

Ouçam os áudios sobre o jogo jogado sujo para os secretários ganharem a gestão do comitê.

Texto de opinião: Tânia Martins, Jornalista Ambiental, Coordenadora REAPI

Comments (3)

  • Avelar Damasceno Amorimsays:

    11 de novembro de 2023 at 7:57 AM

    Matéria muito esclarecedora sobre os fatos ocorridos no processo eleitoral. Aproveito para registrar que comissão eleitoral composta de assessores da inteira confiança dos secretários se comportaram tendenciosos a não aceitarem a sugestão do presidente interino do CBH Parnaíba que esclareceu a situação da composição com o representante da prefeitura de Tianguá já habilitada a participar do processo eleitoral e que mudança do prefeito teve que indicar um novo representante e de maneira oportunista desclassificou a chapa n° 1, composta por Avelar (presidente), Natanael (vice presidente) e Carlos (secretário).

  • Airan Silva Lopessays:

    11 de novembro de 2023 at 5:51 PM

    Que pena, o que está acontecendo, não é novidade! Muda governos no nosso estado, e a corrupção ambiental, continua! Lembram, do projeto: “Energia Verde”, que o governo na época, apoiou, com discursos, em trios elétricos, no sul do estado, e a nossa primeira ONG ambiental do Piauí(FURPA), sofreu muita pressäo?

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