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Em Teresina, Mutirão do Bem Viver conecta o campo à cidade e já levou alimento de qualidade para a mesa de mais de 80 famílias

Ainda não era oito da manhã deste sábado (20/06) quando Carmen, Lourival e Talita chegaram ao estacionamento da Ponte Estaiada para mais um dia de entrega do Mutirão do Bem Viver. O local foi escolhido como ponto de encontro para receber as cestas agroecológicas produzidas pelo seu Raimundo e pelas mais de 30 famílias da Horta Comunitária Ave Verde, na zona rural de Teresina. Em outro ponto da cidade, Sarah e Luan separavam ervas medicinais que seriam agregadas às cestas agroecológicas e de alimentos não-perecíveis destinadas a 20 famílias no Parque Vitória, Real Copagre e Dandara dos Cocais.

A união de todas essas pessoas formam uma rede de solidariedade que já chegou a 16 estados brasileiros. São 759 voluntários e 38 comunidades agricultoras envolvidas. Aqui no Piauí são 12 voluntários atuando em 4 territórios em situação de vulnerabilidade (Parque Vitória, Real Copagre, Dandara dos Cocais e Mulheres em Situação de Violência).

Carmem Alves (à esquerda), Thalita Correia (ao centro), Lourival Muniz (ao centro), Raimundo (à direita) e foto das ervas medicinais (também às direita).

A iniciativa é da Sociedade do Bem Viver e se propõe a reduzir os impactos negativos da crise sanitária e humanitária causada pela COVID-19, conectando famílias em situação de vulnerabilidade a pequenos agricultores pelo apoio de toda a sociedade civil. Além do caráter emergencial, a iniciativa planeja desenvolver ações permanentes nas comunidades.

“O mutirão é um projeto nacional e pretende levar alimento agroecológicos e itens de primeira necessidade a territórios e famílias em situação de vulnerabilidade social nesse momento. A gente conta com pessoas que doam alimentos, itens de primeira necessidade para compor essas cestas agroecológicas, das quais a gente entrega para essas famílias”, afirma Carmem Alves, voluntária do Mutirão.

As cestas são adquiridas de agricultores familiares a partir de doações de pessoas e empresas. Com esse movimento, é possível contribuir com aqueles mais afetados pela pandemia em dois lados. De um lado agricultores familiares da reforma agrária, ou de pequenas hortas urbanas e periféricas, e povos indígenas que produzem alimentos mas não tem conseguido vendê-los. Do outro, pessoas que já vivem em condições sociais precarizadas e que vêm os problemas se aprofundarem nesse momento de crise.

Em Teresina, as famílias beneficiadas são das comunidades Dandara dos Cocais, Real Copagre, Vila Risoleta Neves, Vila Rosa Luxemburgo, Vila Nova Brasília (na Zona Norte) e Parque Vitória (Zona Sul). Além disso, também foram beneficiadas mulheres vítimas de feminicídio amparadas pela Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio – PI. Até o momento foram distribuídas 80 cestas agroecológicas e 70 cestas de alimentos não-perecíveis.

A primeira “Vakinha” online do Mutirão, foi lançada dia 27 de março. Da meta de 500.000 reais, R$ 316.537,37 foram arrecadados em 2 meses, montante que possibilitou que até o dia 7/06 2.263 moradias tenham sido beneficiadas com 2.166 cestas. Seguimos com a campanha para que mais famílias possam se ver livres da privação material que ameaça mesmo suas condições de sobrevivência em meio à pandemia causada pelo Coronavírus.

Nesses territórios, a precarização da vida cotidiana e da própria saúde das pessoas se agravou com a pandemia. Entre os principais motivos estão a perda da fonte de renda dos trabalhadores, em sua maioria informais, a dificuldade em acessar o auxílio emergencial do governo federal e a negação de outros direitos, e a insalubridade das moradias, seja nas favelas, ou em habitações coletivas, como cortiços e ocupações.

Ações coletivas


Os territórios contemplados são escolhidos com base em formulário online (http://bit.ly/MutiraoBVTerritorios), que pode ser preenchido por qualquer comunidade com sinais de fragilidade financeira e de falta de abastecimento. A ideia é compreender melhor as condições sociais e de infraestrutura desses locais e priorizar os que se encontram em situação de emergência. As famílias agricultoras também podem se inscrever para fornecer seus produtos. A intenção é focar na compra de alimentos agroecológicos sem uso de veneno e, preferencialmente, produzidos em sistemas agroflorestais. Dessa forma, se contribui com a regeneração dos biomas e com a saúde das pessoas por meio da alimentação.

Bem Viver

A ação solidária em resposta à pandemia irá perdurar até o fim do isolamento. Após o término dessas medidas, o projeto vai iniciar a sua segunda fase com a construção de cozinhas e de hortas comunitárias em alguns desses territórios. Parte dos recursos da vaquinha está reservada para a construção destes espaços. A intenção é se transformar numa rede de solidariedade permanente. O horizonte é a construção de uma “sociedade do bem viver”, que se opõe a todo tipo de exploração, opressão e destruição do planeta, criando novas formas de se relacionar em comunidade. De acordo com integrante da organização Larissa, “o grupo deseja uma nova sociedade, a partir da percepção de vida dos povos da América do Sul que vivem em harmonia com a natureza desde sempre, cujo conceito de convivência com o meio ambiente é diferente do nosso”.

Trajetória

A Sociedade do Bem Viver mantém ativas as Comunidades Agroecológicas que conectam moradores da cidade aos produtores do campo. Em Brasília e em Santa Catarina, elas existem desde 2019. Por elas, qualquer pessoa pode se associar a agricultores familiares em assentamentos e territórios indígenas contribuindo com uma cota mensal e recebendo cestas semanais com produtos orgânicos. As comunidades agroecológicas e o mutirão se complementam e pretendem garantir soberania do campo, autonomia dos povos, segurança alimentar e nutricional de comunidades, regeneração de florestas e produção de alimentos saudáveis.

Para participar:

Financiamento online: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/mutirao-do-bem-viver-em-resposta-a-pandemia
Voluntários: http://bit.ly/MutiraoBVVoluntarios
Territórios: http://bit.ly/MutiraoBVTerritorios
Agricultores: http://bit.ly/MutiraoBVAgricultores
Outras informações: www.instagram.com/sociedadedobemviver | www.facebook.com/sociedadedobemviver | www.linktree.com.br/MBV

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