135 ANOS:
Mesmo antes da sanção de todas essas leis que dizem que devem garantir a integridade de homens, mulheres, idosos e crianças negros nessa sociedade, nesta terra, chamada Brasil, em diáspora já havia luta, e depois delas ainda teremos que fazer muita luta. Assim foi com o nosso povo, com nossos e nossas ancestrais, assim foi com o primeiro corpo preto que chegou sequestrado de África.
Nada foi por dentro do Estado. O estado brasileiro nunca facilitou nada para a população preta nesse território. Se hoje nós temos o direito de falar, o direito de lutar é devido ao legado de luta e resistência de nossos antepassados. Porque por dentro das instituições o que enfrentamos é o racismo institucional que mata o nosso povo. Hoje vou falar da Dona Maria que é uma Esperança Garcia do Presente, mulher negra, sem escolarização, que criou os filhos catando lixo pela zona sul e arredores do aterro sanitário de Teresina.
Dona Maria é um retrato da triste realidade que ainda temos que enfrentar pelas nossas crianças. Como dizem os pensadores PanAfricanistas, o futuro é ancestral, por isso a luta é hoje. Como dizia Maria Carolina de Jesus, o ano é 2023, o dia é 11 de Maio e cá estou eu com minhas companheiras lutando contra o racismo e a escravidão atual.
Dona Maria, Ana Karina, Thais, minha mãe e todas as minhas companheiras de luta são as Esperanças Garcias do presente e ‘ai’ de nós se não fossem as Esperanças Garcias do presente que sustentam a cumieira dessa sociedade. Se tirarmos a história do povo negro dessa cumieira é certo que o sistema arreia. E assim como os nossos e as nossas tiveram forças para lutar, também não iremos abaixar nossas cabeças. É sambando e lutando. Sambando, lutando, dançando e comemorando todas as vitórias. Porque nenhum quilombo nasceu por dentro do Estado.
Assista ao vídeo com a entrevista:
Texto e entrevista: Lúcia Oliveira
Direção e edição de texto: Sabrina Moraes
Edição de vídeo: João Cunha
Imagens: Wil
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