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Estou dentro de maçã: aventura de uma jornalista performática.

Estou dentro de uma maçã

Quem diabos é esse tempo que tanto nos controla?
Como se dá esse tempo?
De que forma ele nasceu?
E desde quando ele vem controlando nossos passos dessa forma?

E o que isso tem a ver com o tempo ou com as horas?
Será que quando o tempo acelera as horas vão junto?
E esse tal de espaço?
E quando será que esses dois se unem para se tornar tempo-espaço para se tornar historia?
O que lugar tem a ver com o espaço? E quando eles se unem para ser espaço-tempo em uma historia?

Quem é maior o tempo ou as horas,
lugar ou espaço?
Quem controla mais o tempo ou as horas,
o lugar ou espaço?

Essas e outras perguntas para as quais só podemos supor respostas são projetos para um livro que eu escreveria em algum tempo em algum lugar:
522 coisas que me deixam zureta e não acho respostas.

Sem precisar responder essas perguntas
e com um pouquinho de desprendimento do convencional
você entende que um longo período de tempo, pode não ter nada a ver linearidade;
nem com a quantidade de dias,
nem com a quantidade de vezes que o relógio deu a volta.

Que linearidade, que nada.
Não penso em linhas,
nossa ancestralidade não permitiria,
ela nos ensina que há no mundo uma circularidade, que começa em qualquer lugar de tempo,
mas não termina nunca (será?)
O Trotsky sabe, ele viu, ele estava lá, era revolução permanente.

Uma quantidade infinita de tempo pode estar dentro de um segundo fugaz
no gosto salgado de uma gota de suor.
Se liga aí,
o tempo certo de dá o próximo passo não tem a ver com a quantidade de vezes que você mudou a pagina do calendário.

E é nesse momento,
em dois segundos,
os dois míseros segundos que prometem a eternidade.
É aí que o tempo deixa de ser aquele velho taciturno e moralmente linear,
para ser aurora
de um tempo em que passado e futuro, são presente, nada além de presente.

Tudo é presente,
e a aurora é o que é
o primeiro tempo,
o tempo que é agora,
Aurora
presente que antecede os primeiros tempos e os primeiros raios do dia.

Quando o tempo da aurora se fixa, é o tempo que pratica a mesma forma de existir.
E tudo vai existindo de novo.
E de novo
e de novo
e de novo
(…)
Mudei de lugar
circulei e voltei aqui

O tempo que se tem para reconhecer, que um carnaval acabou
ou que algo foi embora da mesma forma chegou,
não é cronológico, bota fé?
É qualquer coisa que se vai ebulindo
e bulindo,
da mesma forma que as estrelas se instalam no céu,
outros céus,
em outras manhãs,
outras estrelas em outras manhãs

Circulou
parou
tu avistou?
Percebeu?
Nada permaneceu
Girou, voltou, circulou
Tu deu um passou e o caos se fez,
se desfez
refez

E foi outro caos que deu lugar a novas estrelas e acredite, há caos suficiente para o surgimento de várias estrelas.

E o espaço, esse que a gente vê?
E o lugar esse que a gente sente?
Como é que eles se fazem nesse presente-tempo de existir?
O lugar, limite que circunda o corpo?
Ou produto da experiência humana?

Ao espaço,
desorganizemos-o.
O que dá a ele?
Um território onde o lugar ganha sua dimensão simbólica e afetiva.
Esse mesmo que vemos,
medimos
nos distância,
só resta a ele que o desorganizemos
Senão com a lembrança de um lugar que gruda na vontade de um calor insistente e abafado.

É revolução, que chama
É isso,
é revolução
tá na hora
Gira.
É ela,
é Aurora.

[Por: Sarah Fontenelle]

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