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APENAS 16% DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFPI APLICAM POLÍTICAS DE COTAS RACIAIS, REVELA PESQUISA DE ESTUDANTE DE DIREITO

Mais de três séculos separam a morte de Zumbi dos Palmares e o início das políticas afirmativas como reparação aos anos de escravidão e segregação promovidas pelo Estado Brasileiro, último país das Américas a abolir a escravidão. Hoje, no dia da consciência negra, lembramos a morte de Zumbi como símbolo da resistência e fortalecemos as lutas contra o racismo como forma de existência!

Lucas Viana é um  jovem negro, estudante de direito e militante do movimento de negritude. Recentemente ele lançou um E-book (livro virtual), que traçou um panorama das políticas afirmativas nos cursos de pós-graduação do Brasil. O cenário mostra que a luta por justiça e reparação avançou, mas ainda está longe do fim. 

 

Embora regulamentado pela Portaria 13/2016 do Ministério da Educação, as políticas afirmativas são aplicadas em apenas 1 a cada 4 cursos de especialização, mestrado e doutorado no Brasil. Só na Universidade Federal do Piauí, dos 50 cursos de pós-graduação, apenas 8 aplicam políticas afirmativas, o que representa apenas 16%.

 

A pesquisar revelou que de todos os programas de mestrado e doutorado da UFPI, apenas os programas de História, Alimentos e Nutrição, Ciência Política, Ciência Animal, Letras, Sociologia, Antropologia e Arqueologia aplicam políticas de cotas.

 

“Em 2017, nós do movimento negro começamos a percorrer cursos de pós-graduação da universidade para falar sobre essa portaria normativa e buscar sua efetivação. As respostas que tivemos foi o que motivou a elaboração desse livro”, afirma. 

Isso é um dos fatores que levou Lucas a compreender que o racismo é algo estrutural e inibidor de vários outros direitos, como o direito à educação. O estudante lembra que nos anos 2000 os números de pretos e pardos nas universidades públicas era muito baixo e que foram as cotas que começaram a modificar esse cenário. 

“Esse é um direito negado e é um dos indicadores. Mas outros indicadores mostram que pretos e pardos têm menos tempos em salas de aulas, que estão em postos precarizados no mercado de trabalho. Além disso, o acesso a representação política ainda é baixo, no congresso não chega a 30%, no país onde a maioria da população é negra”, afirma.

 

A DOCÊNCIA E A PESQUISA NO BRASIL AINDA É BRANCA

O reflexo disso é que a população negra ainda enfrenta um processo de invisibilização nos espaços acadêmicos. Um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que apenas 16% dos professores/as das universidades públicas e particulares do Brasil são negros. A produção acadêmica de pessoas negras também é pequena, ainda mais falando de racismo.

“Nem todo pesquisador preto vai pesquisar sobre racismo. Mas é importante fortalecer esse campo. A ideia do e-book é colocar para que pessoas possam ter acesso e ler em qualquer lugar. A pós-graduação ainda é restrita e concentrada no sul e sudeste, que dificulta ainda mais a presença negros e indígenas na pós-graduação”, afirma. 

 

ONDE ENCONTRAR O E-BOOK?

 

O E-book “Ações afirmativas raciais na pós graduação: Os marcos legais indutores (1965-2016)” está disponível no site da Amazon e custa apenas R$ 12,57.

 

Link: https://www.amazon.com.br/dp/B081LPT8MY/ref=cm_sw_r_wa_apa_i_Xbu1Db5Y6S13E

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