Salvar a Serra Vermelha, e seus mais de 90 mil hectares ao Sul do Piauí, nunca foi tão importante, ainda mais nesse momento que estamos assistindo os efeitos do desmatamento que tem levado as mudanças climáticas e eventos extremos. Para isso, a Rede Ambiental do Piauí-REAPI, a Rede de Ongs da Mata Atlântica-RMA e o Ministério Público Federal, solicitaram ao Centro de Conciliação em Políticas Públicas, da Justiça Federal, a realização de uma audiência entre as partes envolvidas no processo em que estão o Estado do Piauí, Ministério do Meio Ambiente (através do Instituto de Conservação da Biodiversidade-ICMBio) ea empresa JB Carbon ( acusada de ocupar a área irregularmente).
A juíza Marina Rocha Cavalcante, marcou para 18 de junho a nova audiência. Essa será mais uma tentativa de salvar a Serra Vermelha, uma área pública que foi grilada pela empresa JB Carbon.Em 2006 a empresa obteve autorização para derrubar a floresta e transformá-la em carvão para alimentar as indústrias siderúrgicas do Brasil. O projeto, denominado Energia Verde, previa transformar em carvão cerca de 80 mil hectares de mata nativa.
Ativistas ambientais denunciaram ao Ministério Público Federal, que judicializou o caso para evitar a destruição da Serra Vermelha em 2011. Desde então, uma corrente solidária formada por defensores locais, ambientalistas e pesquisadores lutam para proteger a área. Em 2022, a juíza Marina Cavalcante determinou que o ICMBio realizasse uma consulta pública, no município Morro Cabeça no Tempo. Na oportunidade, os prefeitos do entorno da área (Redenção do Gurguéia, Curimatá, Bom Jesus e Morro Cabeça no Tempo) se manifestaram contrários à anexação da área ao Parque Nacional Serra das Confusões e solicitaram suas participações no processo judicial.
Em 2023, o Ministério do Meio Ambiente tentou cumprir a determinação judicial, anexando a área ao Parque Nacional Serra das Confusões, entretanto, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, ao ser ouvido sobre assinatura do decreto do presidente Lula se manifestou contra a ampliação do parque, impedindo a conservação da floresta. Ele não justificou, mas deixou subentendido que seja para destinar seu uso para a exploração dos recursos naturais por parte de empresas privadas.
Serra Vermelha guarda tesouros biológicos raros
A região acolhe as bacias hidrográficas dos rios São Francisco e rio Parnaíba, que se encontram ali e seguem alimentando os aquíferos e rios como o Paraím, Rangel, Gurguéia e Piauí. Outro grande encontro são os Biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, que naquele lugar se misturam promovendo ambientes biodiversos, ricos em fauna, flora e recursos hídricos.
A paisagem da Serra Vermelha é deslumbrante, selvagem e singular. O Ministério do Meio Ambiente a classifica como prioritária para a conservação da biodiversidade brasileira. Sua beleza cênica está nas grandes árvores que encobrem vales e revelam sua rica e desconhecida fauna, nos cânions imponentes, nas cavernas, nas águas que escorrem dos paredões das serras.
Em um contexto de emergência climática, manter florestas em pé é crucial para o futuro do Planeta. Todo o complexo da Serra Vermelha é ainda região de importância socioambiental para as populações dos municípios próximos, por abastecer os rios e riachos que alimentam de água às comunidades.
Comments (1)
João Batista Gonçalves Honoriosays:
9 de maio de 2024 at 5:23 AMVamos incluir neste debate a bacia do gurgueia