Professores e professoras da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), em greve há 23 dias, amanheceram nesta quinta-feira (25/01) com uma ingrata surpresa: corte de ponto e pelos 63 docentes com descontos em seus salários que, em alguns casos, chega à 50% da remuneração. Os descontos foram autorizados pelo Governo do Estado, mesmo a greve de docentes da UESPI sendo considerada legal pelo poder judiciário, conforme decisão do Desembargador Agrimar Rodrigues.
“Uma surpresa que também pode ser chamada arbitrariedade, de desumanidade… porque a gente traduz desse modo. Nós estamos em uma greve legal. É isso que diz o poder judiciário, inclusive. Hoje fomos surpreendidos com cortes nos nossos salários. Boa parte são professores em regime de dedicação exclusiva, portanto, que tem uma única fonte de renda. Essa fonte de renda é a condição de alimentar as suas famílias”, afirma a professora Lucineide Barros, coordenadora geral da ADCESP.
De acordo com o sindicato dos docentes, até o momento não há nenhuma decisão (judicial ou administrativa) que autorize o Governo do Estado a descontar salários de professoras e professores e, além disso, os cortes nos salários foram executados sem nenhum critério aparente.
Alguns professores e professoras, mesmo cumprindo o percentual legal da greve e trabalhando em funções administrativas, pesquisa e extensão, tiveram cortes nos seus salários. A maior parte dos docentes afetados pela medida compõe o Comando de Greve e a coordenação da ADCESP ou estão à frente das mobilizações dos campi do interior do estado. “Isso nos leva à compreensão de que se trata de uma ação antissindical, demonstrando mais uma vez o caráter arbitrário e autoritário do Governador”, afirma Lucineide.
O Sindicato orienta os professores e professoras que identificarem cortes em seus salários que entrem em contato imediatamente com a assessoria jurídica da ADCESP. “Já estamos elaborando uma medida jurídica para denunciar esse grave ataque à categoria docente da UESPI”, afirma Gustavo Amorim, advogado do sindicato.
Contextualização
A categoria docente da UESPI está há 10 anos sem recomposição das perdas inflacionárias e acumula uma defasagem superior à 68%. Fato que motivou a deflagração de greve geral da categoria, iniciada no dia 02 de janeiro de 2024. Até o momento o Governo do Estado ainda não apresentou nenhuma contraproposta frente a reivindicação dos professores/as, tampouco demostrou disposição para negociação.
Comments (1)
A greve da UESPI e o “calcanhar de Aquiles” do Governador Rafael Fonteles (PT)says:
28 de fevereiro de 2024 at 1:14 PM[…] A imagem do governador que trabalha e valoriza quem trabalha foi substituída pela imagem do patrão que arrocha salários, bate na mesa e persegue trabalhadores e trabalhadoras (como aconteceu com o corte de salários de 63 professores da UESPI). […]