
Aberta ao público na noite de ontem (16) , a exposição “Inventário Verde da Boa Esperança”, do artista piauiense Maurício Pokémon, segue até o dia 30 de abril, em Recife, mostrando um pouco dos modos de vida e potência das comunidades tradicionais que vivem e resistem em meio às grandes cidades do Nordeste do Brasil. Neste projeto, a Exposição contribui para o contexto de fortalecimento entre duas delas: a Caranguejo Tabaiares/Recife e a Boa Esperança, localizada em Teresina.
O projeto faz parte do Circuito Funarte de Artes Visuais Marcantonio Vilaça 2023, e, além da Exposição, abarca Vivência entre coletivos das duas comunidades, mutirão pela construção de um espaço de encontro desta e ações futuras, além de Oficina de Fotografia e FanZine, ministrada por Pokemon. A abertura, dia 16 de abril, será de festa e Roda de Conversa entre as matrigestoras das comunidades, Maria Lúcia Olivier/PI e Sarah Marques/PE, com mediação do artista.
Toda programação é gratuita e contará com recursos de acessibilidade.
A Boa Esperança é uma comunidade tradicional ribeirinha, com uma grande variedade de expressões e manifestações afro indígenas na antiga morada-território dos indígenas Potys, berço da capital Teresina. Ao longo das últimas décadas, ela vem tecendo redes, rotas e estratégias de resistência comunitária bastante eficientes, com impactos diretos e positivos sobre a vida local e no fortalecimento de outras lutas similares pelo país. Entre as estratégias estão a criação do Memorial Casa Maria Sueli Rodrigues, o turismo comunitário, a Biblioteca Afroindigena Entre Rios – com suas rodas de fuxico – e o Museu da Resistência Boa Esperança, que realiza instalações itinerantes em instituições, espaços alternativos, escolas e universidades, além de iniciativas contínuas em sua sede.
O Inventário Verde toma a fotografia como estratégia de confluência entre pessoas, comunidades e territórios, gerando reflexões, interações, reconhecimentos e potencializando possibilidades de continuidade dos modos de vida que resistem em uma cosmovisão plural e diversa.
“Essas fotografias trazem aspectos da agricultura familiar desenvolvida nesses espaços. Halteres feitos de cimento, uma toalha de banho que traz um tigre estampado, padrões coloridos de roupas que imitam a natureza e outros objetos industriais desconstroem a possibilidade de uma imagem romântica e bucólica desse cotidiano.”, comenta Raphael Fonseca, pesquisador nas áreas de curadoria, história da arte, crítica e educação.
O Inventário Verde surge a partir do reconhecimento de Maurício Pokemon sobre a pujança e estado de luta em que a Boa Esperança se encontrava na década passada (na verdade continua), e que a partir da convivência passou a registrar parte desse cotidiano comunitário. São fotografias analógicas feitas entre 2017 e 2019, acerca das relações que acontecem neste território, das pessoas com seu entorno, com as outras formas de vida, na preservação do meio ambiente mesmo com a agressividade do crescimento urbanístico da capital.
Em 2019, 100 dessas fotografias desembocaram na exposição fotográfica “Inventário Verde da Boa Esperança”, inaugurada em Teresina, no CAMPO Arte Contemporânea, junto a comunidade, depois seguindo para São Paulo (Mostra Rumos), Belo Horizonte (Prêmio Décio Noviello) e neste mês de abril de 2025, será exposta em Recife, junto à Comunidade Caranguejo Tabaiares.



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