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Marcadas para morrer: professores denunciam cortes de árvores na UESPI

Pelo menos 11 árvores foram marcadas com “X” na Universidade Estadual do Piauí, no Campus Poeta Torquato Neto. A marcação intrigou estudantes e professores da instituição, que afirmam não ter conhecimento de nenhuma informação oficial sobre o fato. Apesar disso, o Sindicato dos Docentes da UESPI (ADCESP) teve acesso a informações extraoficiais que as marcações são parte do planejamento para construção de um bloco de salas de entrada da universidade, implicando na demolição do bloco existente e na retiradas das árvores, que são históricas.

O projeto faz parte do pacote de recursos de 66 milhões para construção, reforma e ampliação, anunciado pelo governo do Piauí como o maior investimento da história da universidade.

De acordo com o professor Marcelo Reges, coordenador da ADCESP, ainda não foi apresentado nenhum projeto de reforma da universidade ainda: “Não recebemos nenhum projeto de reestruturação do campus, simplesmente afirmaram que vão cortar as árvores através dessas marcações. Não existe nenhum projeto, nenhum cuidado com a ideia de proteção ambiental, quero dizer que a nossa instituição já tem vários problemas, e uma das questões fundamentais de estar na UESPI é justamente a arborização, e nos vamos perdê-la,” finaliza o professor.

Foto: ADCESP

A instituição ainda não apresentou um projeto de compensação ambiental da retirada dessas árvores, esse mecanismo é uma exigência contida no artigo 36 da Lei Federal n° 9.985/2000 e visa o contrabalanceio dos impactos ambientais ocorridos ou previstos no processo de licenciamento ambiental.

O Climatologista e Professor do Campus Clovis Moura Werton Costa, alerta sobre os impactos da retirada das árvores: “Qualquer plano de supressão de vegetação natural de uma determinada área, tem um impacto muito importante na dinâmica micro climática de um lugar”, o professor ainda comenta sobre o papel da vegetação:” Teresina como uma cidade muito quente e que enfrenta durante uma parte do ano um período em que as variáveis atmosféricas são majoradas, como a umidade relativa do ar e a própria temperatura, a vegetação acaba cumprindo um papel estratégico de amenizar essa condição térmica indesejada, liberando a quantidade necessária de umidade e também ajudando no equilíbrio, além de absorver a energia radiante,” complementa.

Além disso Werton enfatiza sobre a importância do dialogo e estudo adequado antes de fazer a retiradas das árvores. “O processo de retirada de uma vegetação, derrubada de árvores pressupõe um estudo adequado, autorização do órgão competente para fazer a poda ou a supressão, e o mais importante, um diálogo com a comunidade. É muito importante esse diálogo para que o processo seja feito com menor nível de trauma possível”, afirma.

Para o Climatologista é fundamental nesse processo que se crie mecanismos compensatórios: “Para cada árvore retirada seria interessante o plantio de uma nova árvore, de uma espécie semelhante, ou preferencialmente de uma espécie nativa, por que assim haverá contribuição para todo o sistema de biodiversidade”, complementa o professor.

“A Universidade Estadual do Piauí deveria executar esse projeto de supressão de parte da vegetação paralelo algum projeto de expansão de sua estrutura física, e deve naturalmente dialogar com a comunidade universitária para encontrar o melhor mecanismo possível compensatório para garantir as amenidades e o conforto térmico“, finaliza.

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