Nesta quinta-feira (28/05), mais um interno da Cadeia Pública de Altos (CPA) perdeu a vida por suspeitá de ingestão de água contaminada distribuída na unidade prisional. Adriano Adabio tinha 22 anos e foi a sexta vítima em menos de 15 dias. “Meu filho perdeu o movimento da pernas, se encontra com guillain barré, já constatado pelos médicos. Tem pessoas interessas em esconder esse resultado, mas eu como pai, não posso me calar”, desabafa o pai, em vídeo enviado a nossa equipe, que preferiu manter sua identidade preservada.
Quando o pai do Adriano gravou esse depoimento, ele até suspeitava, mas não queria acreditar que o filho entraria para essa triste estatística. O relato do pai é assustador e revela detalhes de possíveis agressões aos internos. Ele conta que, após a liberdade do filho teve a oportunidade de perguntar diretamente para ele, no dia 5 de maio, sobre os tipos de agressões que ele havia passado. A resposta de Adriano surpreendeu o pai.
“Meu filho foi vítima de tortura naquele presídio, não só ele mas também outros presidiários. Ele disse que os carcereiros dobram os pulso que os dedos dele batiam no antebraço do lado de dentro. Os carcereiros ficavam em pé sobre as algemas no pulso dele, ao ponto que ele sentia choque de dor daquilo. O carcereiro deu um mata leão que ele chegou a desmaiar e o próprio carcereiro reanimou com um choque e massagem no peito”, conta.
O pai denuncia ainda que passou mais de um mês sem informações sobre o filho e quando conseguiu uma videoconferência, percebeu o rosto do filho com hematomas. “Após mais de um mês sem informação do presídio, fizemos uma videoconferência. Ele estava com rosto deformado, marcado e com manchas roxas nos olhos. Ele relatou que estava caminhando de cadeira de rodas”, conta o Pai.
O advogado da família, Marcelo Pio, conta que Adriano foi preso em novembro de 2019 e saiu da penitenciária direito para o Hospital de Urgência de Teresina. Ele foi o primeiro caso a agravar e, logo em seguida, os demais casos começaram a surgir. “O pai de Adriano já registrou Boletim de Ocorrência na central de flagrantes. Vamos esperar a família se pronunciar, porque esse é um momento de dor”, diz.
Em nota, a Secretaria de Estado da Justiça já havia informado que instaurou um procedimento administrativo para apurar, junto à Corregedoria Geral do Estado, as denúncias de maus tratos a que estariam sendo submetidos os internos do estabelecimento penal.
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