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Minicurso do Círculo de Saberes inicia criando reconexões e rompendo lógica colonialista

O Círculo de Saberes – Pensar-Agir na Sociedade iniciou nesta terça-feira (12) fazendo um convite a fazer diálogos e conexões com o ambiente comunitário e a pensar a partir de uma outra lógica. Essa outra lógica não é a dos povos europeus, que é a apresentada de maneira imperiosa como a ideal para a maior parte do mundo.

Abrindo as discussões do círculo, a professora Sueli Rodrigues convidou para rompermos com a referência colonial e buscar os saberes dos povos originários que têm resistido ao longo dos séculos de invasão e genocídio.

“Nós temos povos indígenas que resistiram esse tempo todo e a gente não vai lá aprender com eles. Nós temos africanos aqui nos quilombos e não vamos lá aprender com eles. Nós vamos aprender com a resistência européia. Isso não é nenhuma resistência. Isso pode servir para eles mas não para nós”, citou a professora.

Encontro 01 do Círculo de Saberes Ações Coletivas e Relações de Poder. Com a professora Sueli Rodrigues, militante pelos Direitos Humanos e doutora em Direito, Estado e Constituição.

Sueli apontou também que países da América Latina, África e parte da Ásia não superaram a colonialidade porque ela se impõem também como ciência, fazendo com que grande parte dos povos neguem suas origens e se desconectem de suas práticas originárias. Essa desconexão adoece a natureza local, seus seres, incluindo os seres humanos, tanto no âmbito físico como emocional e mental. 

Alexandra Masullo, uma das participantes do Curso, ressaltou que é preciso estar muito atenta para as relações que a gente constrói e como constrói. “Essa quarentena, esse isolamento é pra gente perceber a importância da coletividade, do comunitário, do estar junto com as pessoas. Saio pensando muito nas relações que venho construindo de uns anos”, afirmou. 

Sávio Santos Tabajara, indígena na região de Piripiri, também é um dos participantes. Ele ressalta a importância da nossa reconexão com a natureza. “O Coronavírus está nos mostrando sobre indivíduo. Se eu me cuido, cuido dos outros e vice-versa. Do contrário, todos estamos em risco. A mãe Terra reagindo, ou nos dando chance de mudança…”, afirma. 

O Ocorre Diário vai continuar compartilhando algumas das reflexões que estão sendo partilhadas por todas e todos.

Sueli nasceu em Francinópolis, interior do Piauí. Ela nasceu em 1964 “e isso lá em ano pra nascer”, ela mesmo mencionou isso em entrevista para revestrés. Mulher batalhadora desde menina, quando subia em um banco para alcançar a pia para lavar as louças, nos lembra ela quando fala de toda relação da vida para chegar até aqui. Sueli é uma militante aguerrida e começou sua participação no movimento social, por onde não poderia deixar de ser, labutando com as gentes do campo, onde ficou ombro a ombro na luta pela terra. Suas primeiras andanças nos caminhos vermelhos foram com o sindicato de trab. rurais de Francinópolis na gestão do Antônio Bispo, num conflito de terra, o da chapada da Luiza. 

Sobre a professora Sueli Rodrigues (por Sarah Fontenele)

Sueli é doutora doutora em Direito, Estado e Constituição e professora da Universidade Federal do Piauí. Mas, como já dissemos, sua maior credencial é ser militante do movimento popular.

Aguerrida defensora dos direitos humanos, no Dihuci, ela trava uma luta socio-ambiental, atuando junto às comunidades impactadas pelo modelo de desenvolvimento predador, tais como os quilombos de Contente e Barro Vermelho, que lutam contra os impactos da transnordestina. Ela também faz parte do Coletivo Antônio Flor, coletivo de advogados populares que atuam no campo e na cidade, desde muitas lutas. Ela é referência na luta feminista, onde compõe a Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio. 

Sua vida é dedicada à construção do Bem Viver, onde nos sintamos coletivos, baseado na filosofia Ubuntu, Eu sou porque nós somos. Dedicada e ética à sua história, Sueli vive para o sonho de outro mundo possível, marcas imprescindíveis da sua vida. 

As palavras todas seriam traiçoeiras se quiséssemos descrever a Profa, a companheira Sueli, a irmã Sueli, pois grandes são os afetos que nos movem. 

Gratidão seria uma boa palavra para mencionar o que sentimos pela sua generosidade em caminhar conosco na construção do poder popular. Sabemos que ela, como nós é feliz em comunidade, por isso não mede esforços para estar aqui conosco iniciando esse curso. Agradecemos de coração, pela disposição em estar conosco, pelo comprometimento e o esmero de pensar um curso tão importante como esse em momento tão complexo. 

Em todo do Ocorre Diário e da Comissão Pedagógica do Círculo de Saberes – Pensar-Agir na sociedade, eu agradeço. 

Redação Ocorre Diário
ocorrediario@gmail.com

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