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“MUITAS PESSOAS QUE NÃO TINHAM VOZ, TIVERAM SEU DIREITO DE REIVINDICAR, DE FALAR O QUE TAVA SENTINDO”, DIZ PRETO KEDÉ SOBRE O LONGA “A IRMANDADE”

O Documentário será lançado hoje (30/11), com sessão debate, nos Cinemas Teresina, às 19 horas. 

“Essa parada do filme foi uma parada muito importante, não só pra nós do grupo, tá ligado!; mas pra comunidade. Pra comunidade se ver, enxergar a realidade que ela vive e sobrevive. As dificuldades, as humilhações, a violência verbal, intelectual, física e mental, tá entendendo!? O direito de voz, porque nesse filme muitas pessoas que não tinham voz, teve seu direito de voz, de reivindicar, de falar o que tava sentindo, o que tava precisando, tanto pra eles como pessoa, como para  comunidade”, assim resumiu Preto Kedé, rapper e militante do movimento Hip Hop, o sentimento que é levar para as telonas do cinema, um filme que mostra a periferia como ela é por dentro.  

 

‘A Irmandade’ é um documentário de Longa-metragem baseado no curta “Deixa a Chuva Cair”, que conta a história dos rappers Preto Kedé, Lu de Santa Cruz e Aliado Negro, que juntos criaram o grupo A Irmandade. Aos poucos, o grupo – que sempre cantou sobre o cotidiano das comunidades – passou a abordar também questões como proximidade com o crime, expansão das drogas e preconceito com os moradores das periferias, além de denunciar casos de racismo e truculência por parte de policiais militares. O sucesso do curta chamou a atenção de uma grande produtora, que propôs transformá-lo em um longa-metragem. 

 

Foto: Jonas Andrade / Arquivo Pessoal

Para Kedé, o documentário reafirma a importância da arte nas periferias, não só a periferia sendo apresentada, mas também produzindo arte. “A arte é muito importante para a periferia, a música, a dança. Quem mora na periferia, a gente que a galera discrimina pra caralho, acha que nas periferias só tem bandido, droga, traficante. A gente como é a realidade e sabe que tem isso, mas a periferia tem também seu lado bom e existe as pessoa que também querem sair dessa vida, que vê essa vida como uma solução pra sustentar sua família, seu filho”, afirma.

 

O documentário busca mostrar o lado que o cenário audiovisual de Teresina há muito tempo esconde. Mostrar a periferia por dentro, com seus problemas, mas também com seus corres, suas demandas, sua cultura, sua linguagem, sua arte. 

 

“Estamos muito felizes de tá mostrando nossa realidade. Em audiovisual a galera só mostra um lado de Teresina na zona leste, mas a importância desse documentário é de mostrar o nosso lado mesmo, tá ligado!; de reconhecer que na periferia tem seu lado bom. Se tivesse lazer, esporte, políticas públicas na periferia, muita coisa tinha mudado. Não é só a questão de mandar polícia pra baculejar, a ideia é o social. A reivindicação é a voz da crítica. Mostra que a periferia tá viva, que tem pessoas que estão na luta pela sua vida, pelo seu espaço”, finaliza Preto Kedé. 

 

‘A Irmandade’ promete vir com cenas impactantes para quem não conhece a realidade das periferias do Piauí. Numa delas, o grupo participa de um momento fúnebre filmado em um Cemitério da zona sul. Indagado pelo Ocorre sobre a delicadeza do momento e o processo de filmagem, Kedé explica que foi uma cena pesada de fazer. “Mas no fim das contas é importante, pra mostrar como pode ser a realidade de verdade de quem se envolve”, explica.

A exibição acontece nos Cinemas Teresina, durante a II Mostra Cinema Piauiense. Além de “A Irmandade”, também será exibido o filme “Aurora”, que conta a história de um velho casarão em Teresina palco de terríveis segredos. Após a mostra haverá uma sessão com debate com participação dos diretores, produtores e atores dos filmes. Os ingressos para a mostra já estão disponíveis no site e na bilheteria dos Cinemas Teresina. 

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