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O avanço do agronegócio no semiárido piauiense e risco do fim das abelhas

Com a expansão do agronegócio para o semiárido piauiense, os impactos gerados pelo uso de agrotóxicos nas lavouras serão irreversíveis e podem levar a extinção de espécies de abelhas, ameaçando o fim da produção de mel orgânico em mais de 40 municípios da região.

O alerta está acesso e tem levado alguns municípios a discutirem o assunto, já que atividade de apicultura consagra o Piauí como o maior produtor de mel do Brasil em 2021, quando o estado comercializou 2.285 toneladas do produto. A maioria exportado para outros países.

Em Picos, uma força tarefa do Grupo de Estudos Sobre Abelhas do Semiárido (Geaspi), coordenado pela professora Juliana Bendini, não tem medido esforços para capacitar meleiros, formar estudantes e mobilizar a população para que saibam sobre o mundo das abelhas e seus benefícios. Juliana é professora da Universidade Federal do Piaupi e doutora em Zooctenia com foco na diversificação da produção apícola no semiárido e educação ambiental para conservação das abelhas.

Apesar dos esforços, a possibilidade do agronegócio se espalhar na região trás grandes preocupações não somente para o grupo, mas para todos envolvidos na produção de mel. Para Bendine, a introdução da agricultura intensiva é uma tragédia anunciada para criação de abelhas, podendo haver redução da pastagem apícola e perda de florações. Segundo ela, os herbicidas, como o glifosato e os neonicotinoídes, usados nas lavouras de grãos, causarão um mal imensurável as abelhas e consequentemente ao mel que vai perder a certificação orgânica.

Os desafios para manter atividade apícola na Caatinga são muitos e enfrenta-los será a única maneira de conseguir evitar a tragédia anunciada pela Bióloga, que recomenda algumas providencias urgente pelos municípios, entre elas, a realização do zoneamento das áreas de estabelecimento de apiários; delimitação das áreas de cultivos de grãos; proibição da pulverização de agrotóxicas áreas; implementação de programas de reflorestamento com espécies nativas para a manutenção da cobertura vegetal, garantindo assim as floradas apícolas; incentivo às certificações de denominação de origem, visando à valorização de mel da Caatinga e incentivos às pesquisas e à disseminação de técnicas como estratégias de manutenção de colônias de abelhas.

Um alento veio do Município de Patos do Piauí, onde o vereador José Wilson Vieira apresentou o projeto Lei n 003-2020, proibindo o uso e aplicação de agrotóxicos em locais próximos a Apiários, povoados, mananciais e outros. A ideia é que os demais municípios envolvidos sigam o exemplo.

Outra esperança em salvar as abelhas dos malefícios promovidos pelo Agro, vêm sendo promovida pelo Geaspi, que aposta, de acordo com Juliana, na união de esforços dos apicultores, pesquisadores, ambientalistas e sociedade envolvida. Ela lembra que as condições naturais da região para as abelhas são excelentes, devido formações vegetais nessas áreas de transição de outros Biomas brasileiros, como é o caso nas zonas de produção de mel.

Reportagem: Tânia Martins (Jornalista e ativista ambiental) | Revisão: Luan Matheus Santana

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