Sob um calor escaldante de 38 graus, a Avenida Marechal Castelo Branco, Zona Norte de Teresina, foi tomada pelas vozes e cores da esperança, na manhã deste 7 de Setembro de 2021. Em um movimento coletivo de esforço unitário, o 27º Grito dos Excluídos foi às ruas em todo o país para dizer basta à política de morte do Governo Bolsonaro.
Centenas de manifestantes, ativistas políticos e sociais, movimentos populares, sindicatos e pastorais sociais da igreja católica se concentram na frente da Assembleia Legislativa do Piauí e, por volta das 10 horas, saíram em manifestação por cerca de um quilômetro, até a Ponte Juscelino Kubitschek, onde aconteceu um ato ecumênico e apresentações artísticas.
Com o filho no colo, Maria Gonçalves, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens no Piauí (MAB-PI), foi às ruas lutar por um futuro diferente, mais justo para todos, onde seu filho possa viver com dignidade.
“Nós do MAB, acreditamos que nas ruas é que se faz a democracia, que se faz a luta por direitos. Essa é uma luta histórica pelos povos oprimidos, pelo direito à água e terra. Esse movimento é de unidade pelo Fora Bolsonaro. um momento onde quase 600 mil pessoas morreram, junta se a isso a crise econômica, política e social. Esse grito é um grito de basta, basta da retirada de direitos”, afirma.
Neste ano, com o tema “Vida deve estar em primeiro lugar”, o grito dos excluídos se soma ao grito da campanha nacional pelo “Fora Bolsonaro”, se contrapondo também à política de morte e negacionista do governo federal.
“O grito funciona como um impulso para a Campanha Fora Bolsonaro. Não vemos dissociação nas lutas, tudo é parte de uma mesma luta. Uma luta pela vida, por vacina, por emprego e justiça social”, afirma Gisvaldo Oliveira, diretor do ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior.
Desde 1995, o Grito dos Excluídos mobiliza o povo em todo o país para ir às ruas no 7 de Setembro, na contramão das “manifestações cívicas” que marcam a data.
“Nós, brasileiros, nunca tivemos independência. Nos ensinaram uma falsa independência e cada vez mais ela está se concretizando. Porque a vida está sendo desrespeitada, por esse sistema opressor que cada vez mais pisa nos pobres. O que está em jogo é a vida dos brasileiros. Hoje gritamos vida em primeiro lugar, porque foi assim que nos ensinou Jesus Cristo nos ensinou”, afirma Padre Ladislau João da Silva, figura histórica da luta popular no Piauí e Pároco da Paróquia Imaculada Conceição Vila Bandeira, localizada na periferia de Teresina.
“Devemos tirar da cruz tanta gente sofrida”, clama o Padre Ladislau
As cruzes tomaram conta da manifestação do Grito dos Excluídos, em alusão às mais de 6.900 mortes no Piauí e 583 mil mortes em todo o país, por conta da pandemia da Covid-19. De modo simbólico, as cruzes são uma homenagem às vítimas do negacionismo e ineficácia do governo federal.
“Acreditamso nesse projeto de vida e defendemos com unha e dente, porque amamos a vida. a igreja precisa ser sinal de jesus na sociedade. A igreja viva está na política e não na politicagem, mas no serviço à vida, que distribui educação, saúde, emprego, etc. Mas não podemos ser ingênuos, chega de cruzes, chega de tantas pessoas que morrem por descuidos. Muita gente morreu de Covid-19, mas pior é quem morreu à míngua, de fome, nas filas dos hospitais. Devemos tirar da cruz tanta gente sofrida”, clama o Padre Ladislau da Silva, da Paróquia Imaculada Conceição Vila Bandeira.
Ativistas queimam bandeira do Brasil em protesto
A bandeira nacional tornou-se um símbolo das campanhas de Bolsonaro, que induzem a um falso nacionalismo. Falso porque, na mesma medida em que defendem o nacionalismo, entregam nossos patrimônios à iniciativa privada e capital internacional. Esse Brasil da bandeira de Bolsonaro não é o nosso Brasil. O nosso Brasil é da cor do urucum, vermelho sangue de luta dos povos indígenas e tradicionais. Nosso Brasil é preto, da cor dos povos de África, escravizados pelos colonizadores.
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