Pixo na UFPI é tema de documentário selecionado para II Mostra SESC de Cinema.
A cidade cresce pra cima, cada vez mais verticalizada. O ronco dos carros agride o meio ambiente, mas também abafa nossas vozes. Cegos diante da correria, no meio desse caos urbano das grandes metrópoles, um grito silencioso faz eco pela cidade, pela universidade, pelas paredes. É o pixo!
Na principal universidade pública do Piauí (UFPI – Universidade Federal do Piauí), as paredes gritam. Gritam a voz da periferia que não consegue chegar ao ensino superior; gritam o corre diário de quem quer trabalhar e não tem emprego; gritam as injustiças de um mundo que cria muros, divide as pessoas e que gera invisibilidade da periferia.
No meio de tantas vozes que constroem a universidade, foi justamente essa voz muda dos muros que chamou a atenção do jornalista, Rafael Nunes Santana. O documentário “Pixação: eco e caos” aborda a pixação dentro da universidade e o que ela quer passar aos estudantes e pra quem ver o pixo.
O que começou como curiosidade em saber mais sobre o universo das pixações, se transformou em pesquisa acadêmica e em documentário, recentemente selecionado para a II Mostra SESC de Cinema, que acontece nos dias 14 e 15 de Junho de 2018.
“O Documentário me trouxe uma outra visão do pixo. Entendi que o pixo não é só sujeito como dizem. Pixo é a revolta contra o sistema, pois incomoda. E tudo que incomoda é dito feio, sujo”, diz Rafael.
Foram entrevistados quatro pessoas, sendo três pixadores do mesmo grupo e um especialista, que escreveu um livro sobre pixação em Teresina. “O início foi complicado, pois não são todos que querem falar a respeito e se expor; mas depois do primeiro contato, tudo correu muito bem. Conceitos, ideias, tudo foi apresentado de maneira objetiva por eles”, afirma Rafael Santana.
Transformar uma expressão histórica das periferias, que diariamente é silenciada e criminalizada, em pesquisa acadêmica e em documentário tem uma grande importância para a preservação da memória e para explicar o que de fato representa o pixo.
“Ter meu documentário selecionado é, inicialmente, uma realização pessoal, mas sobretudo, uma vitória coletiva, pois expressa a voz de centenas de jovens silenciados diariamente. É a certeza de que o documentário ficou bom, né!?”, finaliza Rafael.
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