Culturando nos Morros da Mariana é o projeto cultural que retoma histórias de vida, memórias, tradições e riquezas do município do Ilha Grande, litoral piauiense. Jovens comunicadores locais trazem ricas histórias de caranguejeiros, parteiras, brincantes da cultura popular, como as pastorinhas, pescadores e outras vivências. No último dia 04 de setembro, o projeto lançou uma cartilha para fortalecer as memórias locais. O lançamento aconteceu na Associação das Catadoras de Marisco da Ilha Grande.
As contações dos comunicadores e comunicadoras Aparecida Fernandes da Silva, Islene Cristina Costa Araujo, José Caio Vale Almeida do Nascimento, Ana Maria Freitas da Costa e Samuel Santos da Silva foram publicadas aqui no OcorreDiário.
O projeto foi conduzido pelas educadoras populares Ligia Kloster Apel, comunicadora social, Celiane Damasceno da Silva, turismóloga, e Enaiê Mairê Apel, socióloga e arte-educadora.
Segundo as idealizadoras, o objetivo do projeto foi “registrar as expressões e histórias que compõem a identidade cultural da população de Ilha Grande do Piauí, antigo Morros da Mariana, através dos gêneros Jornalismo Literário e Cultural, contribuindo com o fortalecimento do fazer cultural na Ilha Grande”.
O projeto teve apoio do Sistema Estadual de Incentivo à cultura da Secretaria de Cultura do Estado do Piauí – SIEC/Secult, o patrocínio da Equatorial Energia e a parceria da Colônia de Pescadores Z 7 da Ilha Grande do Piauí.
Juventudes retomam memórias e se reencantam com a cultura local
Para Islene, uma das educandas e comunicadoras populares, o projeto carrega a importância da cultura local e ele vai continuar. “Estou muito feliz pelas histórias registradas. O culturando vai continuar. Essa oportunidade de ver o quanto é grande nossa Ilha e quanta coisa linda acontece aqui deu uma alegria grande dentro da gente”, conta.
Já para Aparecida, também educanda e comunicadora, o projeto fortaleceu amizades, mas também foi uma oportunidade de reconhecer e se reencantar com a ilha. “Estamos deixando um legado com esse resgate das histórias que acontecem aqui e deixando registradas pra sempre, uma história mais incrível que a outra”, reforça.
Para a educadora Celiane, o projeto mostrou a força coletiva e da troca entre educadores e educandos sempre criando novas ideias e trazendo múltiplos olhares. “Agregando valor mutuamente fomos crescendo e desenvolvendo ideias, fomos nos apaixonando pela arte da escrita. Poder ter o privilégio de contar as histórias ilhagrandeses e, principalmente, sermos instrumento de valorização da nossa cultura e da formação de cinco jovens como comunicadores, não tem preço”, explica.
Ligia lembra a importância da oralidade e das necessárias trocas entre as juventudes e os mais velhos do local. “Eu fiquei emocionada porque ver um produto físico (a cartilha) das ideias, do conhecimento que se tem e que eu só tinha ouvido através da oralidade dos moradores que me contavam essas histórias, é ter a certeza de que essxs jovens estão compartilhando sua cultura com pessoas reais, que realmente vão ler e conhecer as culturas”, explica.
Desafios frente a pandemia: parcerias que florescem
A pandemia trouxe ao projeto, assim como para o mundo, diversos prejuízos. Mas, as necessárias adequações à realidade trouxeram também algumas importantes contribuições. Ana Paula Sousa dos Santos, gestora pública e futura psicóloga, que esteve na linha de frente das equipes de saúde no atendimento das testagens de Covid 19, na Ilha Grande, participou dos encontros virtuais explicando sobre a doença.
A gestora também trouxe informações muito importantes e escreveu uma Carta ao Projeto explicando o que viu e sentiu no tempo em que foi recepcionista das pessoas que vinham fazer o teste de Covid 19 na Unidade de Saúde do Morros da Mariana. Em relação ao evento de lançamento do projeto Ana Paula diz que “foi um momento épico de um processo de produção cultural e de ligação direta da juventude com o lugar onde nasceram e estão crescendo. Foi um momento recheado de aprendizados e vivências”, completou.
Também tive a participação da professora Alessandra Massullo, pesquisadora do Negract/UFDPar, estudante das africanidades e doutoranda em Educação pela UFC. Alessandra contribuiu com o projeto trazendo a importância de fortalecer na juventude, o prazer de contar suas histórias. Para ela, “o Culturando veio fortalecer nossas narrativas, nossa tradição oral. Contar as histórias do lugar é também afirmá-lo nosso território, é afirmar nossas lutas e nossas belezas. É nos reconhecer como potência que habita e é habitada pela Ilha, pelos Morros da Mariana, pelas comunidades tradicionais do Delta do Parnaíba. O Culturando é isso, são as histórias que moram em nós!”.
Baixe a Cartilha do Projeto Culturando nos Morros da Mariana aqui.
Comments (1)
francisco das chagas silva filhosays:
6 de agosto de 2024 at 10:30 PMNossa que bom,meu bisavó faz parte dessa historia .O nome dele era Antonio ferreira dos santos(antonio pé de rosa),ele dançava boi e marajuda,tava tentanto achar uma foto de 1935.