Strans elabora planilha com proposta de reajuste das passagens de ônibus em quase 10%, passando de R$ 3,85 para R$ 4,22, tornando a passagem de Teresina uma das mais caras do Brasil.
A Superintendência de Transporte e Trânsito de Teresina apresentou uma Planilha com valores da operação do transporte público na capital, levantando uma proposta de aumento da tarifa na ordem de 9,59%. Com esse aumento, a passagem de ônibus aumentaria dos atuais R$ 3,85 para R$ 4,22. O aumento é corresponde a mais que o dobro da inflação para o ano de 2019 no país que foi de 4,31%.
O CMTP – Conselho Municipal de Transporte Público é composto por representantes da sociedade (usuários, moradores, estudantes), empresas operadoras, taxistas, mototaxistas, transporte alternativos e o poder público municipal. O DCE – Diretório Central do Estudantes participou da reunião do Conselho Municipal de Transportes e foi a única entidade que votou contra o aumento.
Caso Firmino decrete o aumento confirme o documento da Strans, a tarifa daqui a passa a ser a mais cara do nordeste. A equipe do OCorre Diária fez uma levantamento sobre os preços cobrados atualmente nos demais estados nordestinos. A Passagem mais cara é a de João Pessoa (R$ 4,15), seguido por Natal (R$ 4,00), Salvador: (R$ 4,00), Aracaju (R$ 4,00), Maceió (R$ 3,65), Fortaleza (R$ 3,60), Recife (R$ 3,45) e, por último, a capital maranhense São Luís (R$ 3,40).
Mais pobres e mulheres serão os mais afetados
O aumento abusivo pesa principalmente para os mais pobres da capital que hoje já gastam 1/4 do salário mínimo com transporte público. Teresina é uma das capitais com a população mais pobre do país, onde 29,3% dos seus habitantes está abaixo da linha da pobreza, de acordo com o último PNAD do IBGE.
No último levantamento divulgado em 2008 no Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana, Teresina tinha aproximadamente 20% da população em situação de ‘imobilidade’, ou seja, que não acessava o transporte público e não tinha nenhuma outra forma de locomoção pela cidade. Tal situação afeta, em maioria, as mulheres que vivem na periferia de Teresina.
Estudantes se organizam para lutar contra o aumento
Pela proposta, a meia estudantil também seria reajustada de R$ 1,28 para R$ 1,40. A meia estudantil ficou congelada durante seis anos, fruto da mobilização estudantil em 2012, que levou mais de 30 mil jovens às ruas de Teresina. A tarifa estudantil voltou a ser reajustada em 2018.
Lucas Martins, estudante de história e membro do Diretório Central do Estudantes da UFPI afirma que “precisamos fazer um Contra Aumento para reivindicar uma melhora no transporte público pois ainda há muita demora e a integração não funciona”. O estudante ainda denuncia que durante as férias a situação é pior com a redução do número de ônibus e a superlotação.
Prefeitura procura justificar o aumento, mas população reclama
Em nota, Weldon Bandeira, superintendente da Strans, destaca que essa medida é necessária para manter o equilíbrio do sistema. “Reajuste de tarifa é previsto conforme cláusula contratual. Esse índice seria o máximo para que não houvesse subsídio por parte da Prefeitura”, diz.
Ele ressalta que a Prefeitura de Teresina fez investimentos no sistema de transporte coletivo e atualmente não se observa congestionamento com ônibus porque tem corredores e faixa exclusivas, tem conforto nas estações climatizadas, segurança nos terminais de integração e já existem 98 ônibus que fazem o deslocamento entre os terminais e o centro, todos com ar condicionado. Adianta que até 2022 todos os ônibus que fazem esse trajeto serão climatizados, conforme consta em contrato.
Para Trajano Paulo, presidente do Sindicato dos Permissionários de Transporte Alternativo de Teresina (Sintrapi), existe a necessidade de reajuste para manter o equilíbrio do sistema. “Existem custos com manutenção de veículos, despesas com pessoal e combustíveis. É um processo natural que tenha um acréscimo no valor das passagens”, argumenta.
Enquanto a Prefeitura e empresários do setor buscam justificativas para o aumento, nas ruas a população não aguenta mais tanto descaso com o transporte coletivo de Teresina. Recebemos diversos vídeos de usuários do transporte público de Teresina denunciando a precariedade do sistemas. Os passageiros denuncia que há superlotação nos ônibus, muita demora na espera e falta de estrutura e acessibilidade nos terminais. Assista:
Matéria colaborativa por Ocorre Diário
Foto: Kelson Fontinele
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