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Com aproximadamente trinta casas demolidas e Teresina aniversaria: Lagoas do Norte ou palha de arroz? 

Teresina está de parabéns? Bolo, uma vez no ano! Taca, o ano inteiro! 

Casa demolida por trator da Prefeitura (Foto: Raimundo Filho)

No último dia 12 de agosto, de forma autoritária  uma equipe da SDU Centro/Norte acompanhada de policiais militares espalharam o terror nos moradores da rua 7 na Vila Apolônia. Sem mandado ou ordem judicial, derrubaram algumas casas que foram construídas com muito esforço e suor de famílias que residem no lugar há mais de 20 anos. Tudo isso nas vésperas do aniversário da cidade, embebida com pão e circo, gastos vultosos com publicidade de uma Teresina que na realidade não existe. O lema  “Aqui se faz futuro” repete uma máxima que há 30 anos infla, camufla e mascara as pessoas que realmente fazem o presente da cidade. Para quem administra Teresina, esse povo não faz parte desse futuro, que nunca chegou.

Algumas pessoas estavam dormindo quando foram acordadas pelos gritos dos vizinhos. Uma senhora afirma em reportagem que se não acordasse a tempo não teria salvo sua casa.

A Prefeitura de Teresina pensa em todos os detalhes quando o assunto é executar seu projeto de extermínio da parte da cidade que não lhe interessa. Aproveitaram que a imprensa em peso estaria cobrindo a visita do presidente Jair Bolsonaro ao Piauí para realizar mais uma ação violenta. Dessa forma, o fato foi pouco noticiado, pois não estava na lista de “prioridades do dia”.

Residência destruída após ação da Prefeitura de Teresina (Foto: Raimundo Filho)

De segunda-feira para cá, novas casas estão sendo derrubadas e até o momento foram cerca de 30 casas demolidas, segundo o Centro de Defesa Ferreira de Sousa, entre a Vila Apolônia e um canto do Mafrense, popularmente conhecido como “Rabo da Cobra”, ambos os locais precarizados e esquecidos pela Prefeitura de Teresina ou qualquer outra presença do estado.

É válido lembrar que as duas localidades se encontram em espaços demarcados pelo Programa Lagoas do Norte, projeto de requalificação urbanístico. No vídeo abaixo, é possível ouvir uma das moradoras questionar porque a prefeitura opta por demolir, se o Banco Mundial, financiador do programa sugere que haja requalificação das casas. Para onde indo a verba para requalificar as moradias? Ou no vocabulário do Prefeito requalificar é remover? 

Vídeo-Entrevista (acima) foi realizado pela comunicadora popular Lúcia Oliveira, também atingida pelo Programa Lagoas do Norte

A pergunta que fica é: se o prefeito considera as casas precárias e de péssima estética para a sua cidade futuro, então porque não utiliza a verba do Banco Mundial para melhorá-las? Algumas das casas derrubadas ou ameaçadas estavam tinham o selo da prefeitura. O selo deveria ser o símbolo de que as casas estavam em áreas possíveis de remoção, mas por outro lado, não poderiam ser removidas sem negociação prévia. 

A velha e boa pergunta permanece: Lagoas do Norte pra quem? Teresina pra quem? Teresina repete o Terror da Vermelha, a história real das casas de palha pegando fogo para varrer a pobreza do centro-sul de Teresina (imortalizada em Palha de Arroz, romance de Fontes Ibiapina) agora é renovada pelas imagens dos tratores que destroem sem aviso prévio. E para onde essas famílias vão? Aí a resposta é o velho e triste samba: Diz que Deus Dará!

A seguir, acompanhe uma série de vídeos feitos pelos moradores que dão conta de falar pela situação caótica mais do que as palavras. 

 

 

 

 

Assinam esta matéria:
Raimundo Silva – Historiador, Turismólogo, Ribeirinho e atingido pelo Programa Lagoas do Norte 
Sarah Fontenelle Santos – Jornalista, pesquisadora e Militante pela democratização da comunicação e por uma cidade coletiva 
Thais Guimarães – Jornalista e militante pela democratização da comunicação

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