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A REFAVELA POTY

No final da década de 1960 e inicio dos anos 70, algumas das diversas áreas da zona urbana da cidade do Rio de Janeiro (em específico áreas ‘planas’) foram ocupadas ocupadas por contingentes favelados não desejáveis. Como maneira de solução, esses contingentes humanos foram “removidos” para conjuntos habitacionais localizados nos morros e encostas ( hoje morro de Padre Miguel, Morro da Favela, etc) ao redor da urbes do Rio.

Na a época a atitude foi polêmica, mas também apontada como grande benefício aos assistidos pelo então governo fluminense deste período. As tais áreas pós remoção tornaram-se ‘áreas nobres’ e novamente habitadas por grandes condomínios e empreendimentos (podemos citar como exemplo aLagoa Rodrigo de Freitas ).

Na Teresina invisível, “desde 2000” o processo “político” de especulação imobiliária, impulsiona,, direciona e financia suas futuras ações camufladas em uma enorme necessidade habitacional da massa. O retardamento de ações emergentes e necessárias de diversas naturezas não são parte de um despropósito.

A não expansão do centro, a ampliação de mais zonas periféricas, a ocupação invasiva sub coordenada de terras da união, o desestruturamento de um pertencimento popular e cultural, correspondem a uma filosofia à qual repudia qualquer forma de autonomia.

A massa-povão que ainda não atingiu o status de massa crítica, revigora-se a cada semana fortalecendo uma outra massa, a ‘massa desocupada’ que ignora os que à ignoram. A “massa desocupada” servindo sempre que há serviço aos serviçais, tornando-se mutuamente mais boçais, sem acesso aos acessos, entendem tão somente a linguagem do dinheiro.

Um reflexo mais forte disso se vê na cultura que ‘comemos’, em uma classe média que também é “massa-boçal” e que reproduz hábitos das ‘elites ‘ interioranas vivendo hoje na capital.

Nos dias de hoje vivemos ‘condicionados’ a permanecer como há três décadas passadas, repetindo que o mantra de “cidade futuro” nos governe. A refavela está instaurada e não volta, e dentro desta desenhos absurdos e fascinantes a qualquer Euclides da Cunha ou outro cientista.

São amores, latrocídas, crianças, animais, mulheres, viciados, um muro de tijolo que se levanta, enquanto alguém sem nada pede a outro e se adianta; no sol e na chuva, há violência e alegria, entusiasmos, apatia, orgulhos, egoísmos, humildade, sorrisos.

Se rebuscamos na história, essa sempre foi a meta desde a fundação da província, “afastar a pobreza do centro” . Essa premissa hoje está camuflada nos novos conjuntos habitacionais populares como os do minha casa minha vida, (que na gestão local) faz uso de uma política habitacional frágil, irresponsável e que renuncia seu papel gestor frente às populações no que diz respeito aos serviços e direitos públicos básicos.

E assim engrenam um sistema viciado de clientelismo e troca de favores, tão tradicional que seu rompimento está longe de ser alcançado. Depositar populações em conflitos em áreas geográficas distante de condições básicas é o método atualmente utilizado como justificativa para a resolução de demandas como essa. O objetivo é que estas massas sejam em futuro breve novos nichos eleitorais, que claro, sem suas condições necessárias constituídas, irão se dispor às “lideranças” , à agentes eleitorais de políticos tão boçais quanto se exige. Porém, travestidos em uma capa mágica de um cargo ou de um “padrinho provedor” representante deste sistema predatório que nos atrasa, vicia e explora.

A fotografia desse retrato é colorida pelo olhar dos olhos abertos.
Avisa a Gil..

Adolfo Severo é graduado em História pela UESPI, compositor e músico.
Teresina, 2016 -2018.

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