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Sem patrocínio, skatista maranhense Preta Prih, faz campanha financeira para campeonato brasileiro

Quem é do hip hop do Piauí ou Maranhão com certeza já ouviu falar no nome dessa multiartista, Priscyla Soares, ou simplesmente Preta Prih. Com 30 anos, ela é artista e produtora cultural independente; envolvida com o hip hop desde 2010, ela é grafiteira, Bbgirl (mulheres que praticam o break) e rapper. Já foi integrante do grupo A Irmandade, da zona sul de Teresina, além de ser uma das primeiras mulheres a disputar e ganhar Batalhas de Freestyle no estado (estilo livre de rimas improvisadas). 

Ela também é Slammer, e já ganhou o segundo lugar do slam Biqueira Literária no Sesc Caixeiral (Parnaíba – Piauí). Preta Prih também tem curso de DJ com o DJ PTK na Casa do Hip Hop (Piauí), e além de tudo isso ainda é trancista, tatuadora, perfuradora corporal e já foi instrutora capoeirista, não tendo receio algum de dizer que também desenrola como servente de pedreiro, sua primeira carteira assinada.

2010

Ufa! Essa mulher é um patrimônio vivo e jovem do movimento do Hip Hop nos entremeios do Piauí e Maranhão, dominando absolutamente todos os elementos.

Agora, entre Teresina (PI) e Timon (MA), Priscyla se dedica com prioridade a outro esporte olímpico além do break: o Skate. A atleta começou a treinar com 16 anos, e tem se dedicado mais fortemente há quatro anos à modalidade. Também mãe da Pietra, de 6 anos, nesse intervalo ela teve a gravidez do seu segundo filho, Lincoln, de 2 anos. Há um ano e meio, ela retornou às pistas de skate com frequência e tem participado de seletivas de diversos campeonatos no Piauí, Maranhão e Fortaleza.

Com os pontos acumulados, na Seletiva Loterias CAIXA Nordestina de Skate em Fortaleza, Prih conseguiu uma vaga pro Campeonato Brasileiro, representando Timon (MA), se tornando a única representante feminina do estado até o momento. No masculino, o representante é Ronald Silva, também de Timon, e único representante do Maranhão até agora. Prih também fez o ABC do Skate, um “Curso para Formação de Instrutor em Skate” em Fortaleza. Além disso, atualmente ela é acadêmica de Licenciatura em Educação Física. 

Em outubro, a atleta viaja ao Rio de Janeiro para mais uma vivência. É um grande momento para se preparar tecnicamente com outros atletas, durante o evento mundial STU Open Rio. “Será uma oportunidade para já me preparar pro campeonato brasileiro, que acontece em novembro em São Paulo, adquirindo mais experiência dentro de campeonatos”, explica Priscyla. 

Por causa disso, ela vai passar os próximos dois meses entre o Rio de Janeiro e São Paulo, e para isso está fazendo uma campanha financeira a fim de arcar com os custos da viagem. Para contribuir com o desenvolvimento da atleta Priscyla Soares, faça um PIX para: 99981132489

Patrocínio

Em relação aos auxílios que deveria receber para melhorar seu desempenho, Priscyla diz que não recebe Bolsa Atleta Federal, nem a Estadual do Maranhão, que só contempla atletas de até 25 anos. “Para conseguir a Bolsa do governo federal, preciso participar de alguns eventos anteriormente”, explica a atleta, dizendo que a Secretaria de Esportes de Timon lhe ajudou com passagem em algumas seletivas e a Academia do Whashington, em Timon, tem lhe apoiado em relação ao condicionamento físico.

No entanto, isso não é o suficiente e não chega a ser o patrocínio que uma atleta precisa. “Participar das seletivas e campeonatos demanda viagens, fazer vídeos, roupas, equipamento de qualidade e tudo isso necessita de dinheiro, sendo que sou uma mãe de dois filhos”, expõe.

Questionado sobre as políticas públicas municipais de Timon de incentivo a atletas, Felipe Andrade, o Secretário de Esportes, diz que não há Bolsa Municipal para atletas, mas há o Programa Atletas de Futuro, que atua com crianças e adolescentes do município que praticam as modalidades esportivas, capoeira, voleibol, badminton, atletismo, beach soccer, handebol, futebol e futsal. Apesar de ser um esporte olímpico, o skate não está contemplado.

Machismo

Ludmila Nascy, teresinense, grafiteira há quase 10 anos, reforça ainda o machismo que há por trás das artistas e atletas mulheres. “Na cena, a Preta Prih foi a mana que mais bem me recebeu no hip hop desde o início. Me distanciei dela quando ela foi se tornando mãe de mais filhos e isso me faz pensar no que as mães em geral passam sobre não ter uma rede de apoio sólida que as ajude no dia a dia. Só tomei consciência disso quando minha irmã teve meus sobrinhos”, relata.

Para a grafiteira, o racismo estrutural, enquanto mulher de pele clara, não a fazia sentir empatia pela Preta Prih o suficiente para estar mais de fato ao seu lado, apesar de tanto apoio que ela sempre lhe dava na cena. “Não me sinto culpada, mas tenho uma responsabilidade, não só porque é reparação histórica, etc, mas porque quero retribuir todo o carinho que construímos até então. Já ouvi muito de homens hetero cis na cena que uma pessoa não podia dominar muitos elementos, tinha que se “especializar”. Como estava entrando na cena, quando ouvi eu realmente acreditei nessa perspectiva por uma questão de hierarquia, sabe?! Mas com o tempo percebi que isso é uma visão machista que apaga o protagonismo das mulheres negras no hip hop piauiense”, disse a artista em apoio à skatista.

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