O Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMARH), Daniel Oliveira, não autorizou a execução do Plano de Ação de prevenção às queimadas no Estado, que deveria ter iniciado nesta segunda-feira (28/08), alegando ausência de recursos financeiros. A informação chegou ao Ocorre Diário por meio de uma nota de esclarecimento do Auditor Fiscal Ambiental, Carlos Eduardo, responsável pela elaboração e implementação do plano sobre sua saída da coordenação. De acordo com o auditor, a decisão aconteceu em meio ao incêndio na cidade de Canto do Buriti (cidade natal do secretário), onde, nos últimos 15 dias, o fogo destruiu mais de dez mil hectares de Cerrado.
O dinheiro que faltou para investir na prevenção aos incêndios florestais, sobrou para patrocinar o I Festival de Melão e Mel, que vai acontecer no próximo final de semana (08 e 09/09), também em Canto do Buriti. A SEMARH/PI autorizou uma cota de patrocínio no valor de R$400 mil para a CAJU PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA, empresa de propriedade do diretor da Rede Meio Norte, Wrias Moura. As informações estão no contrato Nº 34/2023 – SEMARH (Nº do processo SEI 00130.004915/2023-11).
No evento patrocinado pelo secretário já estão confirmadas muitas atrações musicais, como a cantora paraibana Walkyria Santos e a banda Limão com Mel, que cobram um cachê que varia entre R$100 e R$130 mil por show. Seus aliados nesse festival são os empresários da Itaueira Agropecuária, o Grupo Samuel e o seu próprio Instituto, Anjos do Sertão.
Enquanto isso, Canto do Buriti ainda sofre as consequências de um incêndio que ganhou dimensões desproporcionais, fechou escolas, ameaçou atingir comunidades rurais e até o Parque Nacional Serra das Confusões, chamando atenção da imprensa de todo País. Foram 17 dias de operação de combate ao incêndio na região do assentamento Santa Clara, que encerrou oficialmente nesta segunda-feira (28), de acordo com a SEMARH.
Cotado para concorrer a prefeito de Canto Buriti, o Secretário Daniel Oliveira, que é sobrinho de um líder político no município, o deputado Dr. Hélio Oliveira (MDB), informou apenas que o projeto está em andamento e execução, mas não deu detalhes e preferiu não se pronunciar no momento.
Coordenador de ações de prevenção, controle e combate aos incêndios florestais da SEMARH-PI pede afastamento do cargo, após gestão desautorizar execução do plano de prevenção
Na última quinta-feira (24), publicamos aqui uma informação equivocada sobre a exoneração do coordenador e responsável pela prevenção, controle e combate aos incêndios da SEMARH. Em nota, o Auditor Fiscal Ambiental Carlos Eduardo, responsável por elaborar o plano de ação para este ano, corrigiu a informação e explicou que sua saída da coordenação foi motivada pela não autorização de execução do plano de prevenção. Quando viu seu trabalho ser descartado e os riscos que isso levaria para a sociedade piauense, decidiu pedir afastamento da função que ocupava. “Fui surpreendido pela informação da diretoria, às vésperas da execução das ações planejadas, que não seriam autorizadas nenhuma ação sob a alegação de não haver recurso financeiro”, afirmou.
De acordo com ele, um planejamento prévio foi finalizado em julho deste ano, quando foi feito o lançamento do Plano de Ações (PA) da SEMARH, pelo secretário Daniel Oliveira, no Centro de Educação Ambiental – CEA da SEMARH-PI. Foram ainda mobilizados cerca de 47 municípios do Estado, onde seriam desenvolvidas ações durante todo o segundo semestre, sobretudo, e com mais intensidade no período do B-R-O-BRO. “Um período de extrema emergência, todas as ações planejadas do referido plano, e prestes a serem desenvolvidas, foram NÃO AUTORIZADAS a serem executadas, ainda que, mesmo sendo de conhecimento de público, que a SEMARH-PI assumiu o compromisso com 12 metas do Governo, sendo uma delas a redução de queimadas e incêndios florestais no território piauiense”, complementa.
Ainda segundo o auditor ambiental, o curioso é que havia dotação orçamentária para as ações, mas, em cima da hora, o secretário tomou a decisão de não aprovar. “Foi um planejamento feito com cuidado, mobilizamos mais de 40 municípios e vários órgãos parceiros, quando soube que nada seria feito, a indignação foi muito grande que resolvi pedir pra deixar a coordenação”, informou. (Confira aqui, na íntegra, o relato enviado pelo auditor)
Ações de prevenção poderiam evitar gastos com combate e controle de incêndios
Enquanto o Plano de Ação segue sem autorização para implantação, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos( Semarh) se viu obrigada a correr atrás dos prejuízos. Ao invés de prevenir, agora, é necessário combater e controlar os incêndios, mobilizando recursos financeiros para aquisição de equipamentos e transporte aéreo (Helicóptero da Polícia Militar).
A secretaria informou que deu início, no último sábado (26), às operações noturnas de combate aos incêndios na região de Canto Do Buriti, no sul do Estado. A Semarh realizou a entrega de materiais de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) aos brigadistas para o reforço da atuação. “Ao todo, são 20 pessoas no revezamento noturno, com dois Auditores Fiscais Ambientais da Semarh, na coordenação dos trabalhos com drones de visualização noturna, além dos voluntários que estão trabalhando durante o dia e a noite”, afirma a secretaria em nota.
Reportagem: Tânia Martins | Reportagem e edição: Luan Matheus Santana
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Denúncias de irregulares na SEMARH colocam em cheque os reais índices de destruição ambiental no Piauísays:
4 de outubro de 2023 at 6:05 PM[…] agosto, mostrando aqui no Ocorre Diário que o secretário Daniel Oliveira não autorizou a execução do Plano de Ação de prevenção às queimadas no Estado, que deveria […]