Afluentes de pessoas invisibilizadas que vivem do rio: Série traz a cara da população ribeirinha, chama a atenção para a importância da água e faz uma crítica ao progresso que nega a existência das comunidades tradicionais do entre rios
Por Maria Lúcia de Oliveira
Encerramos esse ciclo de vídeos que temos feito para falar da população ribeirinha da Zona Norte que sobrevive do rio. O principal objetivo é perguntar: quem são essas pessoas, homens e mulheres que sobrevivem em uma cidade que acelera o processo imperialista capitalista?
Essas pessoas são pessoas invisibilizadas pela grande mídia. No entanto, elas têm um modo de fazer, de viver, que alimenta todo um ecossistema porque elas têm um cuidado especial no seu plantar, no cuidar das ervas e também nos cuidados com os animais. Parece que a gente está em uma Teresina que é afastada do progresso. E esse progresso tem a cada dia mais avançado na nossa comunidade e ameaçado os nossos modos de vida e isso nos preocupa muito.
Mas dizer também que um dos nossos objetivos com essa série é trazer a importância das águas. Nós sabemos que vivemos em uma cidade que é banhada por dois rios (Parnaíba e Poti) e que vira as costas para esses rios. Sabemos que a água é um recurso finito, ou seja, ela vai entrar em estado de escassez. Por isso a gente tem essa preocupação, porque, sabendo que em todas as crises que o capitalismo tem implementado, nos países periféricos, os povos tradicionais são os que mais têm sofrido.
Quando se passa na avenida (Boa Esperança) não se consegue enxergar o que tem no quintal das casas, mas a gente enxerga. Quando se vai para os restaurantes chiques, que são só dois aqui, é como se fosse algo apartado das pessoas que vivem nessa região, que cuidam dessa região e que têm feito verdadeiramente a preservação de toda essa cadeia, de todo esse ecossistema que ainda ajuda a manter Teresina arborizada.
Teresina é uma cidade que acelera seu processo de crescimento verticalizando, matando animais, e a gente tem feito todo esse cuidado com essa cadeia animal, vegetal, tudo o que existe aqui é cuidado por nós.
Nosso objetivo com essa série é mostrar a Teresina que cuida do verde, que cuida das águas. Nessa cidade que a cada dia está mais difícil de se viver. Porque, quando chove, por falta de drenagem, de cuidados, as casas alagam. E quando faz sol, não conseguimos viver por conta do calor. Por isso a importância de cuidar do meio ambiente, a importância da gente se importar verdadeiramente não só com as águas, mas com os guardiões das águas que são essa população, de homens e mulheres, que sobrevivem da pesca, que sobrevivem da vazante, sobrevivem das relações de troca, sobrevivem lutando, principalmente, contra um progresso que nega a sua existência.
Veja todos os episódios
Dona Margarida – artesã da região do Poti Velho
Iniciativa
A série é uma iniciativa da defensora popular Lúcia Oliveira, com o apoio do fotojornalista Maurício Pokémon, para imagens e edição, de Sabrina de Oxum, Sabrina Cirqueira, Sarah Fontenele e Plataforma Ocorre Diário.
Você conhece o museu virtual da Boa Esperança?
O Museu Virtual da Boa Esperança é mais uma ferramenta de luta dos Povos e Comunidades Tradicionais que habitam a região das Lagoas do Norte de Teresina, servindo como uma plataforma digital do Museu físico que está enraizado no território.
A existência do Museu da Boa Esperança é também uma tática de resistência às ameaças de desterritorialização criada pelo movimento comunitário Lagoas do Norte Pra Quem?.
Acesse www.museudaboaesperanca.org e acesse o acervo com ensaios, vídeos, histórias de vida e muito mais.
O Museu da Boa Esperança é gerido pela Associação Centro de Defesa Ferreira de Sousa, entidade de representação das famílias em ameaças de remoção, em parceria com diversas outras organizações.
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