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Teresina sediará encontro de comunidades ameaçadas pelo agronegócio no MATOPIBA

O Cerrado do Matopiba, fronteira agrícola composta pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, perdeu mais vegetação nativa nos últimos 20 anos do que nos 500 anos anteriores. O levantamento foi realizado pela Associação dos Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais da Bahia  (AATR), que identificou ainda a expansão do agronegócio como o principal vetor desse desmatamento. Além do desmatamento, a região tem se tornado palco de intensos conflitos por terra, justificados principalmente pela invisibilização dos povos que vivem nesse território, considerados obstáculos ao desenvolvimento.

É com o objetivo de criar espaços de visibilidade para os povos do cerrado e suas reivindicações, que a Rede Ambiental do Piauí (REAPI), a Plataforma Ocorre Diário e o Fórum Carajás do Maranhão estão organizando o Seminário “Cerrado, Te queremos vivo”, que acontecerá nos dias 20 e 21 de janeiro, na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e contará a presença de representações de cerca 20 comunidades do cerrado do sul do Piauí e Maranhão. O evento conta ainda com apoio da Cáritas Brasileira. 

Inscrições abertas!

Clique aqui e faça sua inscrição no Seminário.

“O objetivo é criar um espaço de visibilidade em defesa do cerrado e dos seus povos, evidenciando as comunidades que resistem nesse território e as agressões que elas vêm sofrendo. Incêndios criminosos, grilagem de terra, uso de agrotóxicos fora dos padrões legais, ameaças de toda ordem… essas são apenas uma parte do que as comunidades têm relatado nos últimos anos”, afirma Tânia Martins, ambientalista e organizadora do evento.

Além de representantes das comunidades, o evento deve contar ainda com a presença de autoridades locais que atuam na pasta de meio ambiente, bem como dos órgãos de fiscalização, como Ministério Público e Conselho de Meio Ambiente. Serão debatidos temas como a defesa e preservação do Cerrado e seus povos, agrotóxicos e saúde pública, mudanças climáticas e agroecologia.

“Nesse momento tão crucial da nossa democracia e da nossa sociedade, é fundamental que os gestores assumam a pauta ambiental como central em seus governos. Esperamos que esse evento possa chamar atenção para essa necessidade urgente. Nos últimos 4 anos a boiada passou com força sobre nossos territórios e, agora, esperamos que as promessas de desmatamento zero possam de fato se cumprir. O Piauí precisa de um compromisso político do Governador Rafael Fontelles”, afirma Luan Matheus, jornalista e organizador do evento.

Além de uma disputa econômica, por terra e território, o que está em jogo também é a preservação de uma parte importante da história e memória cultural do nosso estado. Essas são comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, que guardam saberes populares, modos de vidas e manifestações culturais que ajudam a contar a história no Piauí e dos seus povos originários. “Por outro lado, sua existência ameaça os interesses do agronegócio, que tenta a todo custo apagar a presença dessas comunidades, para assim, justificar o avanço na fronteira agrícola”, finaliza Tânia Martins.

Ilustração: AATR

Ato público na Avenida Frei Serafim pretende denunciar crimes contra as comunidades

Está marcado para a manhã do dia 21 de janeiro, um Ato Público na Avenida Frei Serafim, com o objetivo de chamar atenção para o problema e reivindicações das comunidades ameaçadas pelo agronegócio no sul do Piauí e no Maranhão.  

De acordo com a Associação dos Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais da Bahia (AATR), a consolidação da fronteira agrícola tem se constituído a partir do desmatamento, grilagem e violência contra povos e comunidades tradicionais. Maurício Correia, advogado representante da AART, afirma que nos últimos 20 anos, foram registrados pelo menos 2338 conflitos por terra na região. 

De 2000 até hoje, 13 milhões de hectares foram desmatados. O cerrado já perdeu 100 milhões de hectares dos seus 210 milhões na região do Matopiba. Os estados do Piauí e Maranhão lideram o ranking de desmatamento no MATOPIBA. Somente nos anos de 2020 e 2021 foram 5.227,32Km² de áreas destruídas, sendo que 2.281,72km² foram registrados apenas no Maranhão e 583,73km² no Piauí, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa da Amazônia – IPEA. 

“Além dos desmatamentos das matas nativas, os grileiros e empresários do Agronegócio tocam o terror com as comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas que habitam a região há séculos. São registradas violações de direitos humanos, expropriação de terra e muita violência”, afirma a ambientalista Tânia Martins.

PROGRAMAÇÃO

Seminário ‘Cerrado, Te Queremos Vivo’

DIA 20/01/2023 – (SEXTA-FEIRA)

Mesa 1 – Impactos socioambientais no cerrado (16h00 às 19h00)

16h às 16h30: Povos do Cerrado existem e resistem (Relatos de atingidos no Maranhão e Piauí)

16h30 às 17h30: O papel dos Órgãos Públicos e suas responsabilidades com o Cerrado  

17h30 às 19h00: Reunião com os territórios

Atividade Cultural (19h00 às 22h00)

19h00 às Intervalo para lanche

19h00 às Atividade cultural (Pátio do CCHL – UESPI)

DIA 21/01/2023 (SÁBADO)

Ato Público  “Cerrado, Te Queremos Vivo” (7h00 às 8h30)

7h00 às 8h00: Café da manhã (Canteiro central da Avenida Frei Serafim)

8h00 às 8h30: Leitura da Carta em Defesa do Cerrado

8h30: Encerramento e ida para UESPI

Mesa 2 – Ideias para adiar o fim do cerrado (9h00 às 12h)

9h00 às 10h00: Os impactos promovidos pelo agronegócio no Matopiba 

10h00 às 10h30: O papel da comunicação na luta em defesa do povos do Cerrado

10h30 às 10h45: Agroecologia e os caminhos para superar o desmatamento predatório

10h45 às 11h: Mudanças climáticas e o impacto no Cerrado

11h00 às 11h30: O agro é tudo! O agro é saúde?

11h30 às 12h00: O direito à Assessoria Técnica Popular 

12h: Encerramento, agradecimento e encaminhamentos 

12h20: Almoço

14h: Retorno para os territórios

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