No dia 25, próxima quinta-feira, mulheres de movimentos sociais, das artes e lideranças comunitárias realizam Ato em Defesa das Mulheres em alusão ao Dia Mundial da Luta a Não-Violência Contra Mulher. A concentração se inicia às 9 horas da manhã em frente à Secretaria de Segurança Pública para exigir um basta quanto à violência contra mulheres e pedir segurança a suas vidas. O percurso inicia na Secretaria e as mulheres devem marchar até o Palácio de Karnak para exigir providências do governador, Wellington Dias, em relação à carta de reivindicações entregue em março deste ano e até o momento sem medidas concretas efetivadas.
Na carta, entregue em março deste ano, no Dia Internacional de Luta das Mulheres, o movimento social feminista do estado fez reivindicações ao governo estadual. A carta denunciava, dentre outras questões, o aumento significativo de violência contra as mulheres durante a pandemia de covid-19.
Segundo o anuário da violência, em 2020, 50% das mortes de mulheres foram consideradas feminicídio, ou seja, motivada por violência doméstica ou pela condição de ser mulher. No Piauí, foram 61 mulheres assassinadas, de acordo com o anuário, colocando o Piauí em 6º lugar do pesaroso ranking do feminicídio no Brasil.
Mesmo antes da pandemia há uma crescente de violência contra as mulheres, comprovando que os cortes nas áreas sociais, o aumento da miséria e da crise do presente (des) governo federal (Fora Bolsonaro) levam as mulheres, sobretudo, as mulheres negras e indígenas, a assumirem a face mais cruel e desumana. Em 2019, já havia sido registrado no estado a morte de 46 mulheres e entre elas nas condições de feminicídio.
Mulheres pedem justiça para as juventudes e fim da violência
As mulheres apontam também o agravante da violência a qual estão submetidas as juventudes pobres e racializadas. Até julho de 2021 foram mais de 400 assassinatos de jovens, segundo manifesto da Marcha da Periferia-Teresina.
Segundo o manifesto, “O plano de segurança do Piauí não incorpora em seus eixos de atuação a dimensão da segurança social, deixando claro que o principal objetivo é desenvolver ações em uma perspectiva coercitiva e mais punitivistas tendo como fim a prisão”.
Válido lembrar que segundo o anuário da violência, não deixam ilesas as mulheres mais jovens quando o tema é feminicídio. Entre as faixas de 18 a 24 anos o percentual de feminicídio é 16,7%, de 25 a 29 anos é 16,5%, 30 a 34 anos 15,2% e 35 a 39 anos 15,0%.
Lúcia Oliveira, uma das organizadoras do ato, lembra o caso de Margarida*, mulher afro-indígena de 23 anos moradora da periferia de Teresina, que sofreu inúmeras violências do marido até chegar ao aborto. O caso foi noticiado no portal Ponte.
A jovem mulher tentou denunciar, após ser agredida diante de suas duas filhas, mas sua peregrinação pelos órgãos públicos especializados só lhe renderam mais humilhações e violências. O que comprova que o racismo e o machismo estão completamente institucionalizados.
Para Lúcia, este é um caso emblemático, “Não é de hoje que as mulheres buscam assistência e são maltratadas. A segurança pública está falida. Não basta só criar órgãos se eles não vão servir as mulheres em situação de violência. Esta jovem (margarida) só não morreu porque nós fomos pra cima e lutamos por ela. Mas nem o Boletim de Ocorrência a delegacia queria fazer, foi preciso a gente brigar”.
Deixe um comentário